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Filosofia da religião

    F. de l. da obra: Faria, A. A.. Filosofia da religião. Curitiba: Intersaberes, 2017 (abr. loc.: F2017r).
Sumário

apresentação

A importância da filosofia da religião (abr. loc.: FDR) está em transcender o que é doutrinal e confessional, para deter na investigação filosófica do universo espiritual do ser humano, por meio de uma abordagem metafísica, antropológica e ética.

Ninguém pode negar a importância da vivência religiosa de um povo e o seu impacto: a religião está no centro da vida do povo e determina, quase sempre, seu comportamento e o enfoq por meio de que vê o mundo. A FDR busca conexões que apontem para uma razão lógica e comum.

objetivos da obra
Os objetivos da obra são: (a) definir o conceito de FDR e seu objeto; (b) compreender, de um ponto de vista filosófico, as diversas manifestações das religiões; (c) entender o fenômeno religioso em seus contextos histórico, social e cultural; (d) investigar a “possibilidade formal da religião na existência humana” (m.c.: dúvida; talvez seja determinar em que circunstâncias a religião é possível); (e) esclarecer a possibilidade e a essência formal da religião na experiência humana (m.c.: dúvida; é o mesmo que acima?).


introdução à FDR

A filosofia, por princípio, investiga aquilo que está além da compreensão humana.

objeto de estudo da FDR
A FDR investiga as origens e natureza do fenômeno religioso e a influência da religião no comportamento humano e nas sociedades. FDR é expressão criada por Hegel (†1831).

o que a FDR não é
A FDR não deve ser confundida com a teologia, a apologética ou a fenomenologia da religião [1].

conceito e método da FDR
A FDR seria a investigação da crença humana em divindades e o comportamento das pessoas religiosas [2]. O método da FDR é racional, especulativo e argumentativo, nunca confessional. Não tem nenhum compromisso com a fé.

o que é uma pessoa religiosa?
Uma pessoa religiosa é alguém ligado à divindade. A religião seria o caminho por meio do qual uma pessoa está ligada à divindade. Ernst Cassirer: religião como forma simbólica: constrói seu universo simbólico por meio das funções de expressividade e representação; sua origem está, como a do mito, ligada à consciência da finitude humana. Desde o início o mito é religião em potencial.

etimologia da palavra religião
Etimologicamente a palavra religião pode ter duas origens: (a) “relegere”, que indica obrigação, aquele que cumpre cuidadosamente os atos do culto (que “relê” atentamente) (Cícero), pois “religere” é o contrário de “negligere”; (b) “religare”, conforme Agostinho de Hipona e Lactâncio, religar o homem à divindade.

Essa primeira acepção condiz com a característica “legalista” do universo religioso, que é o que distingue a religião da espiritualidade (v. adiante).

fenomenologia da religião: conceito
A fenomenologia da religião estuda o fenômeno religioso, tudo aquilo que é visível ou manifesto no âmbito da religião: todo o conjunto de acontecimentos manifestados nos espaços sagrados, inclusive rituais e gestos.

Por meio do fenômeno religioso se transfere para a esfera da divindade aquilo que está além do entendimento humano.

O fenômeno religioso está sempre em sintonia com a cultura e os costumes de certo povo: o meio no qual o indivíduo está inserido condiciona seu ser religioso.

Daí que o fenômeno religioso deve ser visto de um ponto de vista macro (envolvendo aspectos culturais, sociais, humanos). Compreender o fenômeno religioso é entender como um determinado grupo vivencia o ethos e as implicações de seu agir na relação com a sociedade; a religião concerne à emergência da alteridade.

religião e modernidade: subjetivismo, relativismo e descrença
A religião se modifica diante da modernidade, vista como o cenário de desenvolvimento científico e tecnológico, mais concentração do capital, burocratização formal do Estado e urbanização. A ciência moderna altera a visão de mundo e conduz ao pensamento racional. Resultado: mundo secularizado e hominizado, despido dos vestígios de Deus.

A concepção subjetivista da modernidade se fortalece. O subjetivismo é a “redução de qualquer juízo ao sujeito que julga; o mesmo que dizer que a validez é limitada ao sujeito que julga” (Ferrater). É a tendência a só levar em conta os dados do sujeito envolido.

Do subjetivismo surge o relativismo sistêmico: a desconfiança atinge os sistemas de verdade, de bem e de valores criados pela razão. Há a crise das verdades e dos valores: as grandes teorias explicativas da realidade e da história são trocadas pelas particularidades em todos os níveis: surgem as pequenas verdades, as morais provisórias.

privatização religiosa leva a espiritualidade sem religião
Há uma tensão positiva constante entre o viver religioso e o viver filosófico: ambos pretendem ser mais que um produto da história, aspiram transcender a história e descobrir verdades absolutas independentes das circunstâncias (Ferrater).

A modernidade, enquanto não pode abolir a religiosidade, remete-a ao mundo privado: em vez de uma grande religião, de um universo simbólico único tradicional, surgem inúmeras manifestações independentes, flexíveis: é a privatização religiosa.

Em consequência desse fenômeno passa-se a diferenciar (a) religião de (b) espiritualidade. A primeira se relaciona com os valore seguintes sagrados e supremos da vida, de modo formalmente estruturado e identificado com instituições religiosas e rituais. A espiritualidade, por sua vez, se refere a uma experiência direta, pessoal, do sagrado, mais referida à experiência mística e de transcendência, um fenômeno individual relativo ao sentido da vida.

Contemporaneamente se vê a generalização da ideia de que a espiritualidade seria “boa” e a religião “ruim”, ao mesmo tempo em que cresce o número de pessoas que se dizem espiritualizadas mas sem relação com qualquer instituição religiosa.

Curiosamente, junto com a apatia religiosa crescente, cresce também a oferta e a procura por socorro sobrenatural, como nos tempos mitológicos. Mas o medo que conduz a essa busca não é mais das forças desconhecidas: hoje o homem busca socorro contra medos bem conhecidos.

    a religião na filosofia grega

    passagem do mito ao logos e do caos ao cosmo
    O nascimento da filosofia grega se deu por meio de um processo de depuração da mitologia: uma passagem gradual do mito ao logos e do caos ao cosmos. O fenômeno religioso esteve bem presente, ainda que de forma especulativa, no pensamento dos filosofia antigos.

    Nesse processo o pensamento evoluiu da teogonia para a cosmogonia, e desta para a cosmologia (a, b, c). Em (b) já há a tentativa de explicação da organização do mundo por meio de suas forças geradoras (ao contrário de (a) onde se queria explicar a origem dos deuses), mas a narrativa ainda é ligada aos mitos. Já em (c) o estudo se dá com base na natureza (physis).

    Os primeiros filósofos eram chamados “físicos” porque faziam cosmologia, mas a concepção de natureza dos antigos não era a mesma de hoje. Os que se sustentavam sobre a crença nos mitos é que detinham o poder.

    A filosofia antiga, greco-romana, surge com Tales e termina em 529 d.C. quando Justiniano manda fechar as escolas pagãs.

    pré-socráticos: a busca do princípio
    Os filósofos pré-socráticos buscavam o “arké”, o princípio último, único, causa de tudo o que existe. Esse princípio seria aquilo de que tudo deriva e em que tudo se resolve por fim: uma realidade que permanece idêntica no transmutar das suas alterações, que segue existindo de maneira imutada.

    O “arké” seria, assim, (a) a fonte de tudo, (b) a foz de todas a coisas, (c) o sustentáculo permanente de tudo (a substância), (d) aquilo do qual tudo vem, no qual tudo se conclui e pelo qual tudo existe e subsiste.

    Anaximandro e o ápeiron
    Anaximandro via o “arké” como ápeiron, privado de limites internos ou externos. O ápeiron dá origem a tudo delimitando-se. Tudo surge de delimitação e determinação do ápeiron ilimitado e indeterminado.

    Heráclito: tudo flui
    Para Heráclito o Uno só pode existir na tensão dos contrários: há unidade na diversidade e diferença na unidade. O fogo é a perfeita expressão dessa luta/tensão perene: é vida que vive na morte, contínua transformação, perene necessidade e saciedade.

    Pitágoras e o mundo como harmonia
    A ideia dos seguidores de pitagorismo de que o número seria o “arké” quer dizer que viam o mundo como harmonia; o número, para os pitagóricos, expressava ordem, razão e verdade, e como a harmonia dos números gera a ordem (“kosmos”) a ordem do universo devia ser da mesma natureza.

    O átomo de Demócrito não é o da ciência
    Demócrito via no átomo o “arké”, mas sua ideia de átomo não é a dos cientistas de hoje. O universo de Demócrito era feito de átomos e vazio, e seu átomo era sem qualidades, tem apenas forma geométrica, ordem e posição. É imutável, incorruptível e inexoravelmente dotado de movimento. É um princípio básico infinito e infinitamente combinável, o que leva a mundos infinitos.

    Mas para Demócrito há uma lei física inexorável de geração e combinação (porque os átomos necessariamente se movimentam), que não é governada por qualquer causa inteligente ou final.

    Platão e Aristóteles
    O demiurgo de Platão é uma força ordenadora de tudo, a “alma do mundo” (mas também diz que o demiurgo “criou a alma do mundo”). A organização que o demiurgo promove usa três princípios: a essência, a identidade e a diferença. Mas o demiurgo de Platão não se confunde com uma divindade e não é algo a ser cultuado.

    Para Aristóteles as substâncias móveis, corruptíveis e efêmeras são antecedidas por uma substância imóvel, incorruptível e eterna, o primeiro motor, responsável pelo princípio do movimento. O primeiro motor é necessário, incorruptível e imóvel. Mas não se confunde com um deus: é um deus da metafísica que é ato puro, e ao qual só se chega pela razão.

    religião no período helenístico
    A religião do período helenístico, ou religião pagã, era uma religião do sagrado, o sagrado permeava todos os acontecimentos. A cidade antiga era um espaço sagrado. Não havia a ideia de apartamento entre o homem e o mundo natural, a cidade não se distinguia da natureza.

    Já na segunda antiguidade a relação entre cidade e natureza se afrouxa, a religião familiar e coletiva se torna religião do indivíduo. Dessacraliza-se a vida cotidiana e a própria natureza. Surge o helenismo, a unificação cultural do mediterrâneo. O sentimento de pertencimento à cidade torna-se o sentimento de pertencimento ao império. Nesse contexto surgem estoicismo, epicurismo, ceticismo.

    Estoicismo: filosofia trágica
    Para o Estoicismo emoções ruins resultam de erros de julgamento: sábios não cometem tais erros e estão livres de tais emoções. O universo é físico e governado por um “logos” ou razão divina, da qual faz parte a alma humana, que, aliás, só existe na qualidade de parte desse todo.

    Na ética estoica todo o bem que existe está contido na retidão da vontade: o mal está no vício. O sábio é sempre feliz, e o homem mau sempre infeliz. É uma filosofia com base na condição trágica do ser humano, cujo destino está ligado à dor, ao sofrimento e à morte, situações irremediáveis.

    Cabe ao homem agir com racionalidade e fazer o melhor de si, porque o poder de escolha permite ser feliz apesar dos infortúnios. Basta ter uma ação apropriada, agir conforme a razão.

    Epicurismo: prazer = felicidade
    Para o Epicurismo o prazer é o caminho para a felicidade e do sentido da vida. O fundamento é o cuidado da saúde da alma: como a medicina se ocupa do mal que aflige o corpo, a filosofia cuida da alma.

    Ensinava quatro sabedorias: 1. — os deuses não devem ser temidos, pois são indiferentes aos homens, 2. — a morte não deve ser temida, 3. — o bem é fácil de obter e 4. — o mal é fácil de suportar.

    A moral epicurista: é hedonista, o prazer (sensível) é o fim supremo; o objetivo da vida é suprimir a dor. O critério de toda moralidade é o sentimento. Mas não trata de prazer momentâneo que traz consequências futuras danosas. O prazer deve ser recusado se causa sofrimento futuro. Só o prazer conforme a razão é benigno.

    Necessidade da ciência: já que é preciso avaliar as consequências do prazer antes de aceitá-lo, é necessário o conhecimento da natureza e de si mesmo, para não incidir em erro de julgamento: “não se pode gozar dos prazeres puros sem a ciência da natureza”, dizia Epicuro.

    Ceticismo: o sábio é impassível
    Para o Ceticismo a razão humana não tem a capacidade de conhecer a verdade em si; só podemos conhecer as ideias que temos das coisas. Pirro ensinava: não devemos nos fiar nos sentidos, e sim permanecer sem opinião, impassíveis. A impassibilidade leva à afasia, e esta à Ataraxia [3] [4]


    patrística e escolástica

    Idade Média: a filosofia escravizada pela teologia
    Na Idade Média ocorreu uma confusão entre filosofia da religião e a própria filosofia medieval: a filosofia se restringiu aos monastérios e só sobreviveu como uma parte da teologia.

    Patrística: é a doutrina dos autores cristãos da antiguidade (tanto ortodoxos quanto heterodoxos); no ocidente termina com Gregório Magno (†604)e no oriente com João Damasceno (†749).

    Escolástica: doutrina da Idade Média stricto sensu (séc. IX a séc. XVI); sua preocupação foi a firmar o nexo entre razão e fé.

    Agostinho de Hipona: homem social
    Agostinho de Hipona contrapôs ao dualismo bem-mal dos maniqueístas a doutrina de Plotino, de que o mal é a ausência de bem. Via o homem num contexto social, sempre vinculado à sociedade em que vive. Para ele a convivência em sociedade faz do homem mais humano. Nas imagens da cidade celeste e da cidade dos homens aludia a dois caminhos: viver segundo o espírito ou segundo a carne. Para Agostinho de Hipona fé e razão estão em sintonia e se complementam.

    Duns Scotus: fé e razão não combinam
    Duns Scotus (também chamado Scoto, Scotto, Scot) (†1308): mudou o foco da temática tomista. Tomás de Aquino defendia a complementaridade entre fé e razão, e Duns dizia que uma e outra têm metodologias diferentes:

    “a fé nada tem que ver com a razão. A fé pertence ao domínio prático. A fé não é um hábito especulativo”

    — Scottus


    Duns expandiu a metafísica de Aristóteles para incluir no conceito de Ser o Deus cristão infinito: tudo que pertencia às categorias de Aristóteles é finito, mas o Ser contém o infinito.

    Não se pode chegar à comprovação de muitos atributos divinos por meio da razão, porque Deus supera o âmbito da razão e seus atributos estão na esfera da fé, devem ser cridos e não compreendidos.

    Guilherme de Occam: livre expressão
    Guilherme de Occam (†1347) (também chamado Okham ou Ockam): seu pensamento tem duas notas características: 1. — foi o primeiro a reivindicar o direito de livre expressão; e 2. — levou à radicalidade a separação entre fé e razão.

    As verdades da fé não podem ser provadas, já que parecem falsas para todos, ou para os sábios. Assim, filosofia e teologia devem ser independentes, a filosofia não deve mais ser serva da teologia, que não é ciência, mas conjunto de proposições vinculadas não pela razão mas pela força de coesão da fé.

    Primazia do pensamento do individual sobre o universal: rejeita a ideia de uma natureza comum entre os indivíduos a que damos um nome em comum: não há universais fora da mente: tudo que há no mundo é singular. O universal é um termo meramente lógico.

    Pensamento com consequências políticas: se o individual prevalece sobre o coletivo, a autoridade política e espiritual devem ser repensadas. O poder o Papa deve ser limitado: a verdade não é sancionada pelo Papa, mas pela comunidade livre dos fiéis. A igreja e o Estado devem estar separados. A infalibilidade é da igreja (conjunto dos fiéis) e não do Papa.

    João de Paris
    João de Paris foi o primeiro a afirmar o direito dos indivíduos à propriedade.

    Marsílio de Pádua
    Marsílio de Pádua afirma que o Estado é uma construção humana, que responde a finalidades humanas e não tem fonte ou força de origem teológica. Nas questões humanas e terrenas a igreja é que deve se submeter ao Estado.

    Mestre Eckhart
    Mestre Eckhart forjou o idioma alemão como linguagem filosófica. Ligado ao misticismo especulativo: insiste que Deus está além de toda possibilidade conceitual, e o homem, afastado de Deus, não é nada. Buscou uma justificação para a fé, que já se via então sem o suporte da razão. Quis mostrar a unidade entre criador e criatura. Deus ama necessariamente.

    Pensadores da Reforma: Wyclif e Huss
    João Wyclif defendeu um determinismo teológico: Deus é causa de tudo, inclusive causa determinante dos atos humanos voluntários. Rejeitou todos os ritos, em favor da interioridade do ato de fé. Dizia que a verdadeira igreja é a comunidade dos justos, única soberana nos bens temporais coletivos. Opôs-se à igreja hierárquica.

    João Huss defendia a ideia da igreja invisível dos eleitos e a paridade entre o clero e os fiéis leigos.


    do humanismo às filosofias críticas

    filosofia, religião e razão
    O racionalismo tem como base a supremacia da razão: tudo que existe pode ser explicado por um juízo lógico. Daí que (porque a razão é individual) o homem moderno questiona o acesso imediato à realidade a passa a falar da realidade através da mediação da subjetividade. Desprezam-se os sentidos, sentimentos e a revelação.

    Consequências políticas: se o que não for sustentado pela razão não é crível, os critérios de autoridade de qualquer tipo — inclusive fé, tradição — são duvidosos.

    Consequências religiosas: a regularidade dos fenômenos naturais dispensa a hipótese da causa primeira. Logo, nega-se o transcendente e chega-se ao agnosticismo: atitude que diz sem impossível afirmar ou negar a existência de Deus.

    Deus visto pela subjetividade: o humanismo exalta o homem, põe o homem e não o cosmo no centro da atenção. Mas não consegue pensar a subjetividade em seu relação com o mundo sem referência, positiva ou negativa, a Deus. A questão de Deus passa a ser tematizada não mais a partir do mas pela mediação do homem, isto é, a partir da subjetividade.

    fundamentos do humanismo
    São quatro os fundamentos do humanismo:

    1. — O homem deve ser compreendido em sua totalidade, isto é, dotado de corpo e alma e inserido no mundo com a missão de dominá-lo. Isso se opõe à ideia escolástica que via o homem fora da realidade, abstrato.

    2. — O homem é um ser histórico: tem um passado inegável, está unido ao legado que recebeu.

    3. — As letras clássicas têm valor humano. Humanitas: a educação do homem. As disciplinas de boas artes (humanísticas) são as que formam o homem, porque são próprias do homem.

    4. — O homem é um ser natural e por isso o conhecimento da natureza é indispensável para seu sucesso.

    proposta política do iluminismo
    O humanismo propunha (1) uma sociedade igualitária, (2) a felicidade do homem como principal objetivo, (3) fim do absolutismo, dos monopólios, da desigualdade social, do domínio da religião, (4) liberdade de expressão, (5) democracia como forma de governo, (6) liberdade econômica, (7) supremacia da razão sobre a fé. A fé torna-se objeto de suspeita como ideologia da ordem ultrapassada e reacionária, que atrasa o desenvolvimento de sociedade.

    Descartes e o discurso do método

    Descartes, pai da filosofia moderna
    Descartes (†1650) erigiu seu método a partir de duas premissas: 1. — dos três princípios que fundam o saber tradicional (experiência sensível, razão e saber matemático) só os dois últimos são aceitáveis; 2. — não se pode aceitar como verdadeira uma afirmação que possa ser posta em dúvida.

    Propôs um método que substituia o universal e a abstração, pilares da filosofia aristotélico-escolástica, pelaz naturezas simples e pela intuição.

    regras básicas do método cartesiano
    São quatro as regras básicas (ou etapas sucessivas) do método cartesiano:

    1.evidência racional: primado do ato intuitivo, aquele por meio do qual se chega à evidência de um fato: só é verdadeiro o que se percebe intuitivamente, sem margem para dúvida.

    2.análise: toda questão tem de ser dividida em quantas partes quanto for possível: dividir o complexo em partes simples.

    3.síntese: examinam-se os pontos partindo do mais simples em direção ao composto (ao mais complexo), sem “saltos”.

    4.controle: os passos realizados passarão por revisões completas, gerais e cuidadosas.

    classificação das ideias para Descartes
    Descartes põe o sujeito humano como centro do novo saber: o eu é um espaço de inúmeras ideias. Estas se dividem em (a) inatas, (b) adventícias (vêm de fora e são coisas diferentes do eu) e (c) factícias (construídas pela própria pessoa).

    Descartes e Deus
    Descartes afirma que a ideia de Deus é inata, não vem das coisas sensíveis. A certeza do mundo advém e depende da certeza de Deus. A ideia de Deus é a ideia de uma substância infinita, eterna, imutável, independente e onisciente, da qual derivam o eu e todas as demais coisas existentes.

    David Hume

    Hume: empirismo, ceticismo, fenomenismo
    Hume (†1776) tratou do conhecimento, da moral e da religião. Seu pensamento se caracteriza pelo fenomenismo: reduz (a) os princípios racionais a ligações de ideias fortificadas pelo hábito e (b) o eu a uma coleção de estados de consciência.

    ceticismo: condição da coexistência
    O ceticismo de Hume é puramente teórico, não se aplica à vida prática; ele defendia o Ceticismo como condição da tolerância e da coexistência pacífica entre os homens. Propunha que:
      (a) não é possível nenhuma teoria geral da realidade;

      (b) o homem não pode criar ideias porque está totalmente submetido aos sentidos;

      (c) a ciência só é capaz de obter certezas morais: suas verdades são da ordem das probabilidades;

      (d) não há causalidade objetiva;
    Hume e a religião
    O ceticismo de Hume ataca a religião, propõe o Agnosticismo e contradiz a ideia de religião natural; diz que: (a) não existe uma religião natural comum a todos os povos, (b) existe uma história natural das religiões, (c) a origem do sentimento religioso está no medo da morte e no horro ao castigo, bem como na ânsia de felicidade eterna; (d) o politeísmo é a forma primeira e genuína desse sentimento; (e) os homens inventam herois e santos para fazê-los propícios e favoráveis ao culto; (f) o monoteísmo é fruto da prevalência de um deus sobre outro; (g) a religião não é mais que uma luta de superstições, fanatismos e hipocrisias.

    Kant

    as quatro questões de Kant
    Kant (†1804) resume a filosofia a quatro questões fundamentais: 1. — o que podemos saber? 2. — o que devemos fazer? 3. — o que podemos esperar? 4. o que é o homem?

    Define a filosofia num duplo prisma: de um lado, (a) a ciência da relação entre todo conhecimento e a razão; de outro, (b) o fim último da razão humana, que subordina todos os outros fins e os unifica.

    Kant e a religião
    Kant aplica sua proposta crítica ao universo da religião, isto é, o que trata da divindade, da alma, da imortalidade e da eternidade. Rejeita toda pretensão de conhecer como é Deus: não é válida a tentativa de provar que Deus existe, porque a razão não tem uma forma sensível que lhe permita dar o salto até Deus. A ele só se chega pela fé, não pelo conhecimento.

    Impossível, segundo Kant, uma religião que surja por revelação divina: religião é só o reconhecimento de nossos deveres como mandatos divinos: é puro reconhecimento da razão prática. Kant, assim, lança as bases racionais do Deísmo.

    ideia de Deus como fundamento da moralidade
    Para Kant o conceito de Deus atua como princípio regulador, a mostrar um objetivo capaz de orientar a vida, de modo que ideias como Deus, liberdade e imortalidade são importantes por legitimarem a moral.

    Existencialismo

    histórico e conceito do existencialismo
    O existencialismo surgiu no séc. XIX com Kierkegaard (†1855) como uma reação ao idealismo.

    Propõe o primado da existência: o centro da atenção não é o homem como um ser pensante, mas suas atitudes, ações e sentimentos, suas relações com o mundo, as coisas e os demais homens.

    Sua principal marca é o subjetivismo e sua primeira atitude é negar a redução do homem a sua personalidade ou a uma entidade qualquer: não pode ser reduzido a animal racional ou social, ou a um ente psíquico ou biológico.

    Despreza os conceitos universais e propõe um regresso ao concreto e ao singular/individual.

    Subdivisões: hoje divide-se em existencialismo ateu, teológico, cristão, marxista.

    teses de Kierkegaard
    Para Kierkegaard a vida é difícil e um grande problema a ser solucionado. A causa disso são o mal e o pecado. O homem é um ser relacional e o aspecto nadificante do possível torna problemáticas e negativas as relações do homem com o mundo, com Deus e consigo mesmo.

    A maioria não se preocupa com nada disso e nem sabe disso, mas quem sabe convive com a angústia e o temor. A própria relação com Deus não tem garantias absolutas e é dominada pelo paradoxo: não oferece certeza ou repouso.

    Sartre: existencialismo ateu
    Para Sartre a existência precede a essência do homem: somos abandonados no mundo sem apoio nem referência a valores; temos de criar nossos próprios valores usando nossa liberdade, que é a essência do homem.

    “o homem é uma paixão, mas uma paixão inútil. Em que a liberdade do homem não serve para nada, já que se esgota na busca de uma síntese impossível que deveria torná-lo Deus. A existência é obscena, de uma superabundância viscosa, na qual a liberdade se interliga. O homem nada mais é que um projeto; somente existe quando se realiza, é tudo um conjunto de seus atos, nada mais que a sua própria vida”

    — Santidrián



    sem Deus, tudo é permitido
    Sartre parte da frase de Dostoiévski: “Se não existe Deus, tudo é permitido”; não havendo uma razão sobrenatural para a existência humana, o fundamento universal desaparece e surgem a subjetividade moral, o sentimento de angústia e fragilidade e a responsabilidade de orientar a própria vida.

    Marx

    trabalho: única forma de liberdade
    Para Marxismo (†1883) a personalidade do homem se concretiza nas relações de trabalho em que se acha. O trabalho é a única forma de liberdade e realização, e tudo que impede essa realização é alienação. Os meios de produção, por força da propriedade privada e do capitalismo, foram transformados em instrumentos de submissão.

    religião: ópio do povo
    Marx fala da alienação religiosa: a religião é imagem de um mundo transtornado, onde se colocou um homem abstrato no lugar do homem real com seus problemas reais. Esse homem abstrato recebe da religião um alimento ilusório, uma felicidade ilusória, o ópio do povo.

    Com seus dogmas, a religião é a teoria desse mundo transtornado, e fonte de alienação porque subtrai o homem da vida real e incha-o com uma vida irreal, inexistente, prometendo-lhe uma felicidade enganosa noutro mundo. E, assim, sanciona a exploração do homem pelo homem.

    Feuerbach

    Feuerbach: o homem criou Deus
    Feuerbach (†1872) é precursor do hu­ma­nis­mo na­tu­ra­lis­ta, e pro­põe duas ideias:
      (a) o ser, en­quan­to ser, é fi­ni­to, está sem­pre nos li­mi­tes do es­pa­ço e tem­po con­cre­tos; on­de não há li­mi­tes, tem­po e ne­ces­si­da­de, tam­bém não po­de ha­ver qua­li­da­des, e­ner­gia, spiritus ou a­mor;

      (b) Deus é a negação do ho­mem, e ne­gar De­us é o fun­da­men­to da a­fir­ma­ção do ho­mem; não foi Deus quem cri­ou o ho­mem, mas o ho­mem quem criou Deus, à ba­se de abs­tra­ções, em o­po­si­ção aos sen­ti­dos.

    hide apagar tudo isso Objetivo da obraObjetivo: narrar a história das ideias que subjazem ao desenvolvimento da 2.a. Idealismo 2.b. Materialismo 2.c. Empirismo 2.d. Racionalismo 2.e. Monismo 2.f. Dualismo 2.g. Devir 2.h. Imobilismo 2.i. Determinismo 2.j. Fatalismo 2.k. Livre-arbítrio 2.l. Dogmatismo 2.m. Relativismo 2.n. Perspectivismo 2.o. Realismo 2.p. Nominalismo 2.q. Conceitualismo 3. Filosofia, um breve resumo da história I - Filosofia antiga I 1. China I 1.1. Confúcio I 2. índia I 3. egito IV. - Grécia IV.1. período embrionário IV.1.a. Religião grega pública e dos mistérios IV.1.a.1. Orfismo IV.1.b. Hesíodo IV.1.c. Homero IV.1.d. A passagem do mito ao logos IV.1.e. História da filosofia, etapas da filosofia grega IV.2. período cosmológico IV.2.a. Pré-socráticos, filósofos IV.2.b. Escola jônia, logos em vez de mito, arké IV.2.b.1. Tales, 1º filósofo, problema do uno e do múltiplo IV.2.b.2. Anaximandro, ápeiron, separação, eterno movimento IV.2.b.3. Anaxímenes, tudo vem do ar IV.2.c. Anaxágoras, homeomerias, tudo em tudo, nous, dualismo IV.2.d. Empédocles, elementos, devir de amor e ódio, analogia IV.2.e. Pitágoras IV.2.e.1. Pitagorismo, dualismo, idealismo, números, alma IV.2.f. Heráclito, tudo flui, monismo dinâmico, fogo IV.2.g. Parmênides, imobilismo, real = racional, identidade IV.2.h. Escola atomista, átomos IV.2.h.1. Leusipo IV.2.h.2. Demócrito, materialismo, determinismo, simulacros IV.3. período antropológico IV.3.a. Escola sofística, focar o homem e não o universo IV.3.b. Sócrates IV.3.b.1. Ironia IV.4. período ontológico IV.4.a. Platão IV.4.b. Aristóteles IV.4.b.1. A000a Aristóteles, Arte poética IV.4.b.2. A000e Aristóteles, Ética a Nicômaco IV.4.b.3. A000t Aristóteles, Tópicos IV.5. período ético IV.5.a. Epicurismo, materialismo, ataraxia, prazer bem supremo IV.5.a.1. Epicuro IV.5.b. Estoicismo, ataraxia, virtude bem supremo IV.5.b.1. Zenão, IV.5.c. Hedonismo IV.5.d. Ceticismo IV.5.e. Cinismo, de Diógenes IV.6. período religioso IV.6.a. Neoplatonismo V. - Filosofia Medieval V.1. Escolástica V.1.a. João Escoto Eurígena V.1.b. Santo Anselmo V.1.c. Agostinho de Hipona V.1.d. Boécio V.1.d.1. Boécio, Consolação da filosofia V.2. Filosofia medieval árabe V.2.a. Avicena V.2.b. Averróis V.2.c. Maimônides V.2.d. Rumi V.2.e. Al-Farabi V.3. Patrística V.3.a. Tomás de Aquino V.3.b. De Cusa V.3.c. Guilherme de Occam V.3.d. Pedro Abelardo V.3.e. Duns Scotus, John V.4. “Outros” V.4.a. Thomas More V.4.b. Erasmo de Roterdã V.4.b.1. E500e Erasmo, Loucura V.4.c. Lutero V.4.d. Giordano Bruno V.4.e. Campanella VI. - Renascimento e Iluminismo (1500-1750) VI.1. Maquiavel, antes temido que amado VI.2. Montaigne, ensaios, fama corrompe, solidão na multidão VI.3. Descartes, penso-existo VI.4. Bacon, conhecimento é poder, experiência é melhor prova VI.5. Pascal, o apostador VI.6. Spinoza, monismo de substância, dualismo de atributo VI.7. Hobbes, homem-lobo, homem-máquina VI.8. Locke, tabula rasa, separação de poderes, contrato social VI.9. Montesquieu VI.10. Leibniz, mônadas, Pangloss VI.11. Berkeley, ser é ser percebido, imaterialismo V - A era da revolução (1750-1900) V 1. Voltaire, despotismo esclarecido V 2. Hume, ceticismo mitigado, razão escrava da pa ão V 3. Thomas Reid, senso comum V 4. Rousseau, bom selvagem, sociedade corrompe V 5. Adam Smith, barganhas, mão invisível V 6. Kant, sujeito transcendental, categorias, coisa-em-si V 7. Burke, conservadorismo V 8. Bentham, Utilitarismo V 9. Hegel, dialética, amo/escravo, espírito absoluto V 10. Schopenhauer, vontade e representação, pessimismo V 11. Feuerbach, teologia é antropologia V 12. Stuart Mill, Utilitarismo, princípio do dano V 13. Kierkegaard, angústia é vertigem de liberdade V 14. Marxismo, socialismo, luta de classes V 15. Thoreau, desobediência civil V 16. Peirce, Pragmatismo V 17. William James, Pragmatismo VI - O mundo moderno (1900-1950) VI 1. Nietzsche, super-homem, niilismo, martelo, retorno VI 2. Saussure, semiótica, os dois aspectos do signo são mentais VI 3. Husserl, fenomenologia, redução, interrogar a consciência VI 4. Henri Bergson, intuição, duração, élan VI 5. Dewey, pragmatismo, ética é magia VI 6. Santayana, religião e arte são obras da imaginação VI 7. Unamuno, sofrer é ser humano; felicidade ou amor; fé na fé VI 8. Bertrand Russell, reduzir o trabalho VI 9. Max Scheler, amor, ponte do conhecimento VI 10. Karl Jaspers, filosofia é luta individual VI 11. Ortega y Gasset, eu sou eu e minha circunstância VI 12. Hajime Tanabe, é preciso confessar VI 13. Wittgenstein, limites da linguagem e do mundo VI 14. Heidegger, ser-aí para a morte, vida inautêntica VI 15. Walter Benjamin, rua de mão única VI 16. Marcuse, o que é não pode ser real VI 17. Gadamer, leio o texto, o texto me lê VI 18. Karl Popper, falseabilidade VI 19. Adorno, inteligência + emoção = julgamento VI 20. Sartre, a existência precede a essência VI 21. Hannah Arendt, banalidade do mal VI 22. Levinas, só por existir, o outro nos apela VI 23. Merleau-Ponty, romper aceitação habitual do mundo VI 24. Beauvoir, segundo sexo VI 25. Quine, linguagem arte social VI 26. I. Berlin, liberdade positiva e negativa VI 26. Camus, abraçar o absurdo, vida melhor sem sentido VI 26.a. Camus, A peste VI 26.b. Camus, Estado de sítio . - Contemporânea (1950-hoje) .1. Barthes, linguagem é uma pele, todo amante é louco .2. Mary Midgley, a cultura é nossa teia .3. Thomas Kuhn, revoluções científicas, paradigmas .4. Rawls, contrato social sob véu da ignorância .5. Feyerabend, não existe método científico, vale tudo .6. Lyotard, pós-modernismo, metanarrativa, informação mercadoria .7. Foucault, homem invenção recente, sexo instrumento poder .8. Habermas, razão comunicativa, esfera pública .9. Derrida, desconstrução, diferência .10. Rorty, alma invenção humana, verdade: o que pode dizer impunemente .11. C ous, pensamento sempre funcionou por oposição .12. Kristeva, feminismo, uma tendência a mais no jogo do poder .13. Zizek, - Salão dos recusados 1. Ibn Bajja 2. Moisés de Narbonne 3. Bernard Mandeville 4. René Girard 5. Marcel Gauchet 6. Horkheimer 7. R. Dawkins 8. Comte 9. Bauman 10. Ricoeur 11. Whitehead 12. Deleuze 13. Bataille sociedade brasileira, em busca de saber como e porque construímos nossa história como ela se deu. Dependência intelectual: pensamento brasileiro está vinculado às ideias europeias à ideia europeia do catolicismo, especialmente desde sempre. Pensamento em Portugal no início da colonização Pensamento que predominava em Portugal no tempo do início da colonização brasileira era uma mistura das ideias da Idade Média teocentrismo com as do Renascimento antropocentrismo . Surgiram na Europa, nesse tempo, duas correntes filosóficas e duas histórias: a uma, a da América anglo-saxônica influência do Renascimento, antropocentrismo, Reforma religiosa, educação pública, adoção do espírito do Calvinismo , b outra, a da América católica influência medieval-católica, teocentrismo, influência do Concílio de Trento e da Contrarreforma, economia feudal sem mobilidade social nem instrução . Concílio de TrentoConcílio de Trento 1545-1563 . Finalidade: lançar a Contrarreforma em resposta ao protestantismo: a reorganizou a Inquisição, b tornou laico o ensino nas universidades aboliu o curso de teologia , c criou seminários para formação de padres, d enclausurou os religiosos. Causas da Reforma ProtestanteCausas da Reforma Protestante: cristianismo foi religião oficial do império romano desde 476; a Europa foi cristã em sua quase totalidade desde então. No séc. XVI a a igreja estava afastada de suas doutrinas originais, b enfrentava uma crise moral; c o desenvolvimento das monarquias regionais permitiu aos súditos, falantes da mesma língua, se identificarem mais com o soberano local do que com a autoridade papal; d a burguesia se opunha à proscrição que a igreja fazia do acúmulo de dinheiro e empréstimos a juros. Características da Reforma de LuteroCaracterísticas da Reform de Lutero a crença na autonomia da razão humana; b por isso, livre interpretação da bíblia; c um complexo contra a filosofia porque fora cooptada e subordinada à teologia , a escolástica, Aristóteles e Tomás de Aquino; e proposta de retorno aos clássicos ; f proposta de salvação pela fé em vez de predestinação. Efeitos da ReformaEfeitos da Reforma: a fim da hegemonia do catolicismo; b divisão da Europa entre católica e protestante; c surgimento da escola pública com professores leigos pagos pelo Estado; d abriu caminho para o Calvinismo ; e gerou a Contrarreforma Concílio de Trento e fundação da Companhia de Jesus; f países que se alinharam com a Contrarreforma passaram ao isolamento político, social, comercial. característica do calvinismoO Calvinismo fundado em 1531 por João Calvino pregava a teoria da predestinação: Deus escolheu o que cada um será, independentemente do querer ou agir do sujeito. Acúmulo de riquezas assim como a vida reta e honesta, e a ascensão pelo trabalho era sinal de ter sido eleito por Deus. Defendia a ideia de lucro, a visão do trabalho como dignificante. Influenciou os EUA. m.c.: Segundo o autor, Portugal, E ha e demais países que se isolaram no mundo da Contrarreforma católica repudiavam o lucro e o acúmulo de riquezas, razão porque os protestantes e judeus dominaram as atividades comerciais e bancárias no Brasil. Jesuítas foram os educadores no Brasil desde 1549 até 1759, quando foram expulsos. Primeira escola fundada em 1551, e em 1572 os 1ºs cursos de filosofia e teologia. Nóbrega que chegou em 1553 disse: esta terra é nossa empresa . Sua presença corresponde ao 1º período da filosofia brasileira , chamado período escolástico ou moralista pensamento moralista ou moralismo . divisão de períodos no pensamento colonialAdotando as ideias do Concílio de Trento e pondo-se na contramão da Reforma, Portugal iniciou o movimento da 2ª escolástica portuguesa, divido em duas fases: 1. — período barroco 1500-1650 , escolástica da Contrarreforma 2. — período tomista 1650-1750 volta às ideias filosóficas rígidas da escolástica mais Inquisição; influência dos jesuítas, dura até a expulsão 1750 . Contraditoriamente, o autor também divide o período colonial por outro critério: 1. — período escolástico, do descobrimento até 1773, data da adoção da obra de Genovesi como livro oficial; 2. — período iluminista, de 1773 a 1822. Sistema educacional dos jesuítas, característicasSistema educacional dos jesuítas também ditos inacianos , com base na Ratio Studiorum de 1586 ou seria 1599? a prioridade: sustentar a pureza da fé lema: ad maiorem Dei Gloriam ; ensina o saber da salvação ; b no cimo do saber, a teologia, subordinando todos os ramos do conhecimento; c censura a ideias ou teorias que contradigam a doutrina oficial; d ruptura com a cultura positiva; e ortodoxia, dogmatismo: não visa desenvolver capacidade crítica mas incutir no aluno uma doutrina e prepará-lo para defendê-la; sustentar a fé pela razão. f enfatiza caráter negativo da corporeidade e das tarefas terrenas, funda-se na concepção de homem como criatura divina de passagem pela Terra; quer manter a divindade do homem por meio da moral. Contexto: a urbanização e a ascensão da burguesia m.c.: no Brasil? Em 1600? tornaram a sociedade mais complexa, criando gosto pela racionalidade; isso tornou necessário um trabalho de argumentação lógico racional e fez da filosofia estudo obrigatório do teólogo. ecos e efeitos do ensino jesuítaEfeitos do ensino jesuíta se desdobram na pedagogia tradicional, que tem uma visão essencialista do homem, isto é, homem dotado de essência universal e ideal, à qual a educação deve moldar a existência particular real de cada sujeito. o método da Ratio StudiorumO método da Ratio Studiorum: quatro etapas: leitura, glossa comentários , quaestio questões , disputatio discussão . Repetições diárias/semanais. Apresentação de dissertação de filosofia ou teologia ao superior. Corretivo físico, quando aplicado, o era por terceiro, contratado para esse fim. um conceito de filosofiaA latere: um conceito de filosofia: a filosofia nasce da inquietação causada pela percepção dos mistérios ocultos no mundo e no próprio homem; é o esforço do pensamento para a construir conhecimento, b desvelar fenômenos e entes; c visando transcendê-los e dar-lhes sentido. O esforço que o homem vem fazendo para compreender o mundo e a si próprio e dar-lhes sentido p.46 e 64 o amálgama da escolástica com o iluminismoO iluminismo católico resultou do amálgama entre a escolástica medieval que separava escola e vida e distanciava os alunos do mundo, dando-lhes conhecimentos ineficazes para a vida prática e o iluminismo que cria na capacidade do homem de construir o próprio destino por meio do conhecimento prático . Esse iluminismo católico, também dito ecletismo, é só a escolástica vestida com a roupagem moderna das Luzes. contexto do ecletismo: reformas pombalinasO ecletismo surge da renovação conservadora que o Marques de Pombal implantou em Portugal desde 1755, com atitude reformista mas não revolucionária, pois queria a salvaguardar a revelação e a fé caras ao português e b livrar Portugal da influência inglesa e por isso recusava as ideias de Locke e Hume , c fortalecer o Estado sem preocupação com as questões da consciência e da liberdade ; d em suma, conciliar a teoria do Estado moderno com as exigências cristãs. teorias e propostas de Antonio GenovesiPombal fez da obra do italiano Genovesi 1769 livro oficial. Características e ideias centrais: a empirismo mitigado: nossas ideias nascem em parte dos sentidos e em parte da conjectura da alma; b crítica a Aristóteles e Tomás de Aquino sem explicitar sua inspiração em Locke; c aconselha por fim à cultura das palavras e dedicar-se à cultura das coisas; d mais interessado nos costumes e necessidades que em essências e substâncias; e tem ares de modernidade mas preserva visão ibérica de mundo, defendendo a fé e preservando a teoria do silogismo cético-eclético . Espiritualismo eclético ou ecletismo espiritualista foi a 1ª corrente filosófica estruturada com rigor no Brasil, entre 1840-1880. Proposta: a conciliar os valores tradicionais com anseios de modernidade, b adotar o liberalismo político e econômico e c manter a unidade nacional; d dar fundamento à prática da representação política; e superar a antítese da escolástica portuguesa entre o cristianismo e as ciências e, assim, solucionar a problemática do homem. Contexto: quer responder a dois problemas deixados pelo empirismo mitigado: consciência e liberdade. Inspiradores: 1. — Victor Cousin 1867 oscila entre três aspectos contraditórios: a ecletismo como método historicismo , b método psicológico elevado à condição de fundamento último da filosofia; c espiritualismo. 2. — Maine de Biran 1824 maior influência; ideia: superar o sensualismo e o racionalismo, buscando um meio termo, o intuicionismo Etapas no Brasil: 3 ciclos: 1. — de formação, 1833-1848; Frei José do Espírito Santo, em Salvador, 1830, foi o 1º a divulgar a doutrina de Cousin. Primeiras obras em 1840. 2. — do apogeu, 1850-1870. Ciclo da filosofia oficial, porque Pedro II a tornou obrigatória nos liceus. Nessa fase o problema do conhecimento cede lugar à questão da moral. 3. — do declínio ou superação década de 1880 surgimento da Escola do Recife e do positivismo. Filósofos que se destacaram: 1. — Ferreira França 1857 . Tratou do tema da introspecção com rigor da observação empírica e constatou a existência do espírito; buscou uma filosofia para exercício da liberdade política. 2. — Gonçalves de Magalhães 1882 , Visconde do Araguaia . Busca construir a ideia de nação; explica o homem em termos puramente espiritualistas, negando os valores do mundo corpóreo; o universo sensível só tem existência em Deus é pensamento de Deus 3. — Visconde do Uruguai Paulino Soares de Sousa 1866 dedicou-se ao pensamento político brasileiro, buscando uma estruturação lógica para o Império e respostas para a questão de como tornar governável o Brasil. Crise e decadência: a partir de 1880 a corrente eclética se desvaneceu diante da ascensão de três novas correntes: o darwinismo, o determinismo monista e o positivismo. Doutrina de Auguste Comte doutrina que se pretende científica e altruísta; objetivo: uma cultura única capaz de unir Oriente e Ocidente, gerando progresso para a humanidade e bem-estar social; método: física social. o contexto do positivismoo contexto do positivismo: surge da Revolução Industrial, da Independência dos EUA 1776 , da Revolução Francesa 1779 , dos ideais de liberdade do início do Século XX. Tais ideais se fundavam em duas correntes antagônicas: a liberalismo, um tipo de racionalismo abstrato, que defendia a liberdade individual e da natureza humana como base da lei natural; não se conciliava nem com o empirismo que valorizava a experiência dos sentidos nem com o materialismo que via na matéria e em suas leis a existência; b e cientificismo, que queria explicar todos os fatos e valores por uma única lei natural. O positivismo quer, assim, superar as duas correntes políticas de seu tempo: 1. — a conservadora, que dizia que os problemas sociais derivavam da destruição da ordem anterior a medieval , e 2. — os novos iluministas, que diziam que os problemas vinham de a ordem anterior não ter sido completamente destruída, e por isso a revolução devia continuar. ideias principais do positivismoAs ideias principais do positivismo foram vide adiante, em separado, as ideias políticas do positivismo 1. — atribui as explicações a fatores humanos contra a metafísica, a teologia e o primado da razão ? ; 2. — abandona a busca pelas causas e privilegia a determinação de leis: deixam de tentar explicar os porquês e buscam explicações de fenômenos práticos da vida cotidiana, os comos ; propõe desprezar o inacessível e investigar só o real, certo, indubitável; 3. — nova visão dos problemas sociais para coibir os abusos do individualismo, substituindo a metafísica pela autoridade e ordem pública; 4. — propõe um dogmatismo físico e um ceticismo metafísico: é uma filosofia determinista que considera anti-científico o estudo das causas finais; 5. — divisão e classificação das ciências da mais simples e abstrata matemática à mais complexa e concreta, a física social sociologia ; 6. — tem base na premissa de haver uma limitada interconexão entre diferentes grupos de fenômenos e cada ciência se dedida a um só grupo, de forma que os fenômenos são irredutíveis uns aos outros; a realidade é formada de fenômenos atômicos, partes isoladas que se relacionam, e não é possível apreender relações absolutas: tudo é relativo, e isso é a única coisa absoluta Comte . 7. — a sociedade positiva é um organismo harmonioso feito de partes integradas conforme o modelo mecanicista cartesiano; portanto a política também terá por base o método científico; uma suma do positivismoEm suma o positivismo é, 1. — antes de tudo, um método geral universalizante, que engloba todos os outros métodos particulares dedução, indução, observação, experimentação, a analogia e a filiação histórica ; 2. — uma busca da unidade do conhecimento com expurgo da subjetividade na construção do conhecimento; 3. — um determinismo organicista porque tudo está determinado e é relativo às inter-relações entre fenômenos, de modo que o conhecimento é limitado; ei dos três estadosQuanto ao desenvolvimento do espírito humano, se dá pela lei dos três estados ideia originalmente de Saint-Simon a teológico, em que a imaginação tem grande relevância na observação dos fenômenos; fundamenta a vida moral na crença na autoridade de poderes imutáveis que se expressam na política monárquica e no militarismo; divide-se em fetichista, politeísta e monoteísta; b metafísico abstrato explicações substituem deuses por forças físicas, químicas e vitais, reunidas na força da natureza que equivale ao deus único do estado teológico monoteísta; substitui o concrto pelo abstrato, a imaginação pela argumentação e destrói a ideia de que o sobrenatural subordinava o homem à natureza; sociedade estruturada por contrato, substitui a política fundada no rei pela soberania do povo; c positivo: imaginação e argumentação se subordinam à observação; ciência factual torna-se único critério da verdade; leis deve ser entendidas como relações constantes entre os fenômenos psicológicos ? ; ambém a evolução do homem, ao longo de sua educação, passa pelos mesmos três estágios: a infância está no estágio teológico, atribuindo ao sobrenatural os fatos; os estudos científicos, em vez dos literários, é que promoveriam a emancipação. ideias políticas do positivismoQuanto às ideias políticas do positivismo e à sociedade na visão positivista, vê-se que a finalidade última do positivismo é política: a também a sociedade humana e submete às leis da natureza, sendo previsível e governável segundo modelos copiados da biologia´; b a sociedade é um organismo heterogêneo cujas partes devem trabalhar de modo solidário de forma a superar a individualidade do liberalismo; c a sociedade apresenta dois movimentos característicos, c1 um que leva à evolução, conforme uma lei universal, da forma mais simples para a mais complexa, e c2 outro a busca ajustar todos os indivíduos a condições estabelecidas, conforme anseios da maioria forças de progresso e de ordem ; d a sociologia deve estruturar núcleos permanentes como pátria, propriedade, família, trabalho e religião, e assim será o ponto inicial da moral, da política e da religião positivas; e o sistema positivista se diz avesso a qualquer tipo de violência para obter a transformação social, e quer se basear na persuasão; devem ser contidos os conflitos, revoltas ou movimentos reivindicatórios, porque põem em risco a ordem e coesão; f dividiu, assim, o estudo da estrutura social em estudo da ordem social estática social e o da evolução social progresso , que denominou dinâmica social; a ordem a estática tem preferência sobre o progresso a dinâmica sem ordem não há progresso porque o progresso é o desenvolvimento da própria ordem; g propôs o pagamento de um subsídio estatal a cada trabalhador, composto de parte fixa igual para todos, e uma parte variável conforme a produtividade; h a educação positiva deve incorporar o proletariado à ordem social dando-lhe instrução científica básica; a classe trabalhadora será o fundamento da ordem moral porque é superior às outras pelo sentimento moral, baseado em suas características de afeto e submissão; i o Estado tem uma função coordenadora totalizante, é intervencionista, impõe-se de forma coercitiva, como uma ditadura, extinguindo os órgãos legislativos; j não existe nenhum direito individual além do de cumprir o dever social; o verdadeiro caráter da educação moral depende da submissão do indivíduo à sociedade; a moral positivistaSão postulados da moral positivista: a a finalidade da filosofia é hierarquizar as ciências; b as ações humanas não são determinadas pela inteligência mas pelo que se sente: o sentimento leva à ação, a razão apenas a controla; c a moralidade deve despertar no povo o sentimento de obediência; os pobres e ricos devem aprender a ser felizes na sua condição social; d o ser humano é um ser total; a individualidade não existe: o indivíduo só existe como membro dos grupos família, pátria, humanidade ; matar a individualidade fará surgir a fraternidade universal; e é função da escola ensinar ao aluno como o mundo funciona pela ordem, e inculcar a ordem por meio da disciplina, obediência e hierarquia, eliminando o egoísmo; id= hsdusgus6gud a religião da humanidadeNuma fase posterior do seu ambém Comte criou ou converteu o positivismo em a religião da humanidade , o que dividiu seus seguidores em duas correntes: a ortodoxos, liderados por Pierre Lafitte, que seguiram a vertente religiosa no Brasil, liderados por Miguel Lemos e Teixeira Mendes , e b heterodoxos, liderados por Émile Litré, que ficaram fiéis ao primeiro positivismo, científico e filosófico no Brasil, liderados por Luís Pereira Barreto, Tobias Barreto e Silvio Romero, eram chamados dissidentes . a deusa do positivismo text-transform: uppercase; p ara Comte, o que caracteriza a religião não são os deuses ou o sobrenatural, mas a busca pela unidade da moral humana; a religião positiva, única verdadeira , é racional e científica, não admite mistérios, revelações, vontade sobrenatural; o único ser supremo é a própria humanidade personificada a deusa do positivismo . A humanidade, nesse conceito, é o conjunto convergente de todas as gerações passadas, presentes e futuras a humanidade que trabalhou, a humanidade que trabalha e a humanidade que trabalhará ; a subjetividade é adquirida trabalhando. A religião positivista tinha dois cultos, o à humanidade e o às mulheres anjos da guarda . O dogma essencial da religião positivista é: há coisas que o homem pode conhecer e outras que jamais conhecerá os fenômenos são conhecidos mas suas essências causas íntimas não . segunda pátriaO Brasil foi a segunda pátria do positivismo. A primeira manifestação positivista ocorreu em 1844 ou 1857, ou 1865, informação contraditória quando o dr. Justiniano da Silva Gomes defendeu o positivismo na sua tese na Faculdade de Medicina da Bahia. Em 1865 Francisco Antonio Brandão Jr., em seu livro A escravatura no Brasil , apresentou o positivismo à sociedade brasileira, ao abordar a questão da escravatura, repelida pelas ideias de Comte. A vertente científica do positivismo veja mais #hsdusgus6gud aqui /a penetrou na Escola Militar, no Colégio Pedro II, na Escola da Marinha, na Escola de Medicina e na Escola Politécnica. Apesar do naturalismo e do evolucismo, o positivismo tornou-se uma reação filosófica à doutrina católica, única atitude intelectual que até então havia no país. as ideias do positivismo brasileiroOs positivistas brasileiros se posicionaram: a contra a escravidão b a favor do cientificismo c adeptos do progresso material e das artes mecânicas d contra a monarquia e contra o liberalismo; O positivismo brasileiro cresceu entre os militares, graças principalmente a Benjamin Constant 1891 , professor de matemática na Escola Militar. Propunha a valorização do ensino como forma de alcançar o Estado sociocrático. consequências do positivismo no BrasilSentem-se até hoje reflexos do positivismo da educação do Brasil. text-transform: uppercase; c omo o positivismo valoriza o método empirista e quantitativo, por meio da experiência sensível como fonte principal do conhecimento, e considera as ciências empírico-formais como modelos para as outras ciências, por sua cientificidade , isso se impregnou na mentalidade pedagógica brasileira até o presente. Até o fim do séc. XIX não havia novidade alguma na filosofia brasileira, a não ser o inconformismo a intenção de combater a escolástica . A Escola do Recife recebeu influência de Kant negação da metafísica , de Comte naturalismo-materialista e de Darwin evolucionismo . Seus principais integrantes foram Tobias Barreto e Silvio Romero. Tobias BarretoTobias Barreto 1889 tem um trabalho divide em duas fases: 1ª, crítica ao espiritualismo e 2ª, um esforço para reestruturar a metafísica, entendida como a metafísica dogmática; defendeu, todavia, uma metafísica reservada e consciente que sempre existirá, se não como ciência, como uma disposição natural e inerradicável do espírito . Tal metafísica tem sua gênese na questão o que eu posso saber? . Silvio RomeroSilvio Romero 1914 , discípulo de Barreto, proclamou o fim da metafísica. Sua obra principal, Filosofia no Brasil , critica dez autores brasileiros, mas é mais uma reação que uma análise crítica. o auge da Escola do RecifeA Escola caracterizou-se pela polêmica, e por isso mereceu a crítica de exercer uma espécie de socratismo tosco e paradoxal ... com emperrada maiêutica e deformada ironia Crippa , sem coesão doutrinária e proposta além do mero inconformismo. Nenhum dos líderes da Escola cursara filosofia, eram autodidatas. Tinham por característica um pensamento radical e, pela polêmica, buscavam solução para os problemas fa filosofia brasileira. traços característicos da EscolaO grupo tinha em comum as ideias de evolucionismo, naturalismo e monismo, além de um desejo de atuação social. declínio da EscolaOs seguidores de Romero e Barreto não desenvolveram a filosofia no âmbito epistemológico, continuaram a afirmar o caráter sintético da filosofia, como síntese da ciência. O pensamento marxista no Brasil serviu de inspiração para os movimentos políticos de natureza socialista, e se desenvolveu por três abordagens: a marxistas, com posicionamento radical a pretensamente fiel ao pensamento original de Marx; b marxianos, cuja característica é o revisionismo; c marxólogos, que são analistas profissionais que usam o instrumental da leitura marxista. Em consequência, inexiste no Brasil uma tradição de estudos marxistas, porquanto a subestimação da teoria é uma decorrência do sectarismo e do praticismo dos seguidores do marxismo no Brasil Vita . O primeiro marxista brasileiro foi o médico Silvério Fontes, de Santos, pai do poeta Martins Fontes, que abandonou o positivismo por uma junção das leituras positivistas e marxistas. Houve no Brasil uma movimentação de positivistas para o marxismo, com uma inevitável confusão de propostas entre as duas escolas, mesmo porque Marx no fim da carreira assumiu uma postura darwinista. Mas os positivistas brasileiros que migraram para o marxismo ignoravam e repudiavam o Hegel implícito em Marx 4 . Em 1922 Altrojildo Pereira funda o Partido Comunista Brasileiro. Caio Prado JúniorCaio Prado Júnior quis transportar a teoria marxista com finalidade prática para a história. Em Evolução política do Brasil , de 1933, as classes emergem pela primeira vez como categoria analítica nos horizontes de explicação da realidade social brasileira. Teve grande papel na sistematização do marxismo no Brasil. Cria num socialismo capaz de revolucionar o Brasil; para ele o que parecia ser a antítese do capitalismo era uma consequência do sistema capitalista, isto é, o socialismo é a direção na qual marcha o capitalismo . Não cria num conflito armado como solução: cria num processo histórico de transformações econômicas, sociais e políticas, que proporcionariam a equidade entre as classes sociais. Álvaro Borges Vieira PintoÁlvaro Borges Vieira Pinto Consciência e rdd nacional pertencia à linha moderada, diferente da postura ortodoxa de Caio Prado. Dizia que a grande Revolução ocorrerá quando a alienação cultural do país for superada, de modo que é preciso que as universidades tenham finalidade política: a classe opressora se mantém porque a divisão cultural entre os intelectuais e os sem instrução é preservada. A revolução, todavia, era urgente. Propunha algumas exigências práticas: a cogoverno, para democratizar as universidades, b supressão do vestibular, c popularização das universidades, d supressão da vitaliciedade das cátedras. Desenvolveu as ideias de ideologia e consciência numa teoria de superação do subdesenvolvimento nacional: uma ideologia do desenvolvimento com base na dialética entre consciência e realidade: para mudar a realidade é necessário elevar o nível de consciência das camadas sociais. text-transform: uppercase; d iferença entre consciência ingênua e consciência crítica: a é uma forma inautêntica que desencadeia a condição de alienação, não está ciente do contexto em que vive, não está vinculada aos fatos, só às ideias, que considera princípios absolutos; b é produto da historicidade dos conteúdos críticos do passado, certa de estar refletindo em si um mundo existente fora dela. text-transform: uppercase; p ara retirar as armadilhas que levam à consciência ingênua necessário desconstruir as ideologias que favorecem o sistema de classes. Leandro KonderLeandro Konder foi um grandes críticos marxistas da realidade brasileira. Em 1965, em Marxismo e alienação , diz que Marx encontrou na alienação econômica a raiz do fenômeno global da alienação. A obra de arte pode ter vários graus de influência política. Com a Revolução de 1964 a perseguição forçou os marxistas a abdicar do discurso aberto e optar por um esquema de denúncia alternativa, voltando-se para os estudos da estética. As religiões protestantes, embora cristãs, incorporararam o antropocentrismo, reconhecendo o homem como ser ligado a Deus mas com autonomia e digno da realização material na terra. O trabalho dos jesuítas ainda se reflete no currículo escolar brasileiro, no formalismo que enfatiza a leitura, a escrita e o domínio das contas. Também os ideais positivistas persistem na educação tecnicista, que tornou a sociedade brasileira Cientismo |cientificist . Filosofia da Ciência, Uninter, 2017-3 F. de l. da obra: Miranda, Luiz Felipe Sigwalt de. Introdução histórica à filosofia das ciências. Curitiba: Intersaberes, 2016 abr. loc.: M2016i Trata das questões de fundamento das ciências: esse fundamento não pode ser objeto da própria ciência fundamentada 1 Visa ao espírito inquiridor que não se satisfaz com explicações superficiais e busca alento na diversidade . Questão proposta: o que se espera de um conhecimento tido como científico Por que o conhecimento parece ser matéria de filosofia, e a telefonia móvel não? O que define uma questão como filosófica? Platão: teoria do conhecimento por um viés matemático/geométrico; aquilo que provém da sensação está em constante mudança e por isso impossibilita o conhecimento genuíno. A possibilidade de conhecimento depende de um mundo suprassensível de ideias perenes e incorruptíveis. A Alm ou mente vê as ideias entes metafísicos , arquétipos das coisas da experiência , e delas nos recordamos por ocasião da experiência sensível doutrina da reminiscência . Importância da questão na filosofia: sem uma questão ou problema os argumentos tornam-se mera arbitrariedade. É a comunhão de questão investigada que permite a unidade entre teorias antagônicas a questão as reúne num todo mais complexo . conceito de atividade filosóficaAtividade filosófica é voltada à composição e dissolução de questões filosóficas. Filosofia é o resultado da atividade filosófica. A tarefa da filosofia não é responder às questões mas dissolvê-las, e as questões em si serão destituídas de sentido m.c.: não entendi . O que distingue uma questão qualquer de uma questão filosófica? 1º A pergunta tem de fixar o problema questão ≠ problema ; 2º as questões filosóficas são na forma O que é X? ; 3º as questões filosóficas conduzem a paradoxos/aporias, mostrando ausência de clareza reflexiva dos conceitos fundamentais e das intuições que eles expressam. O paradoxo é, de modo geral, um problema que mostra um conflito real ou aparente entre nossas intuições. O discurso racional é distinto do discurso lógico; racionalidade é esclarecimento, intersubjetividade e reflexividade. Características da ciência: a observação, b análise, c resultados, d modelo teórico, e previsões, f método geral e rigoroso. Importância do modelo teórico efeitos colaterais da ciência Efeitos colaterais produzidos pela ciência: incapacidade de rascunhar qualquer coisa do mundo, pois não abarca a totalidade daquela determinada coisa; a atitude científica objetivante distancia o sujeito do seu objeto, e essa distância esmaece o mundo . E o cientista pode não ser e às vezes não é imparcial, tem motivações comerciais, políticas ou religiosas. anchor: filodaccia Características do conhecimento científico: 1 aponta para certeza; 2 se preocupa com a base empírica; 3 é transitório sujeito a revoluções ; 3 valoriza o método. Ou, noutra parte: atividade a metódica, b rigorosa, c experimental, d indutiva, e matemática e f dedutiva. Sócrates: Epistemé ciência vs. doxa opinião . Aristóteles: ciência é conhecimento pela causa, e portanto é conhecimento demonstrativo silogismo . Bacon e o novo métodoFrancis Bacon, Novum organum: nova ciência, a investigação da natureza, b fundada no raciocínio indutivo e c na experimentação regulada e controlada. Novo conceito de experiência: variações e concordâncias de fenômenos controlados metodicamente. Newton introduz a matemáticaIsaac Newton: subverteu esse modo indutivista ingênuo e incorporou ao método da ciência a necessidade e a universalidade por um viés matemático. As leis naturais devem necessariamente prever um fenômeno senso: capacidade de julgar em geral. Capacidade de emitir juízo ato de decidir, julgar, sobre algo . Kant, juízo sintético e analíticoKant distingue v. n.43a , a juízo sintético, que amplia o conhecimento, e b juízo analítico, que não o amplia: a Dada uma proposição, seu predicado acrescenta algo à compreensão do sujeito. Proposição: enunciado do tipo sujeito verbo predicado ; é uma frase que pode ser declarada verdadeira ou falsa. Divide-se em: a1 a priori: o acréscimo de conhecimento acerca do sujeito, que é fornecido pelo predicado, é necessário, universal, independe da experiência; a2 a posteriori: o acréscimo de conhecimento acerca do sujeito, que é fornecido pelo predicado, deriva da experiência; é, portanto, contingente e não universal. b Proposição em que o predicado já está de certa forma contido no conceito do sujeito, por exemplo, corpos são extensos , onde o predicado extenso já está incluído no conceito de corpo . Esses juízos são necessários e universais, ou seja, independe da experiência, porque decorrem diretamente do princípio da não contradição. Mas nada acrescentam ao nosso conhecimento. Senso comum é um juízo afirmação de algo como verdadeiro compartilhado, corrente e aceito por certo meio social. Kant: o considerar-algo-verdadeiro é evento do entendimento, que exige causas objetivas na mente de quem julga, a saber em três graus de suficiência, segundo um critério objetivo e outro subjetivo a opinar, b crer e c saber. a , opinar, é subjetiva e objetivamente insuficiente; b , crer, é subjetivamente suficiente e objetivamente insuficiente; c , saber, é objetiva e subjetivamente suficiente; contém convicção suficiência subjetiva, para mim e certeza suficiência objetiva, para qualquer pessoa . Para os latinos senso comum era gosto, costume, modo comum de viver ou falar. Cícero: na eloquência, o erro mais terrível que pode ser cometido é desviar-se ... do senso comum . Thomas Reid considerava o senso comum o fundamento de toda filosofia argumentativa. características do senso comumcaracterísticas do senso comum: a subjetividade, b qualidade baseia-se na observação direta , c heterogeneidade saber provável , d generalização por indução de causa e efeito . Hume e o problema da induçãoHume e o problema da indução: o argumento que sustenta o princípio de indução é o próprio princípio de indução: como o princípio da indução se mostrou bem sucedido em diversos casos, por indução dizemos que ele será bem sucedido em outros ou todos. É um argumento circular. características do conhecimento científico: a objetivo busca estruturas universais e necessárias das coisas , b quantitativo busca critérios de comparação entre coisas que parecem diferentes c homogêneo busca leis gerais , d generalizante reúne individualidades sob as mesmas leis ou padrões , e diferenciador distingue os que parecem iguais , f causal estabelece relações causais . A ciência é uma atividade intelectual-experimental, usa métodos que separam os elementos subjetivos e objetivos de um fenômeno, e constrói o fenômeno como um objeto do conhecimento controlável, verificável, interpretável e retificável por nova prova. Usa o rigor para relacionar fatos numa explicação racional unificada. Teoria seria o mesmo que modelo teórico? conjunto sistemático de conceitos que explica e interpreta relações de a causas e efeitos, b identidade e diferença, c dependência, entre os objetos do campo estudado. Ciência, para os gregos, era conhecimento verdadeiro. Ter ciência era conhecer a verdade de algo. Questões, para eles, eram 1. discriminar conhecimento verdadeiro de não verdadeiro 2. descobrir os limites do conhecimento o que podemos conhecer? 3. descobrir como se dá o acesso ao conhecimento como chegamos a conhecer? Parmênides Parmênides distingue verdade de aparência, conhecimento e crença. O caminho da verdade está ligado à teoria do ser, e o da crença às aparências. O ser é ingênito, indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim, não foi nem será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo . O mesmo é pensar e ser . As aparências só parecem ser. Não podemos conhecer o que não é, o não-ser não é dizível nem pensável. O não-ser é o vir-a-ser geração e o deixar de ser corrupção . Demócrito Demócrito . Materialismo atomista. Átomos são infinitamente pequenos e se movimentam no infinito vazio. Eles nos afetam, mas nossas percepções não nos apresentam o mundo pelos átomos, e sim nos oferecem os sentidos das cores, odores, texturas, sons e sabores, propriedades que os átomos não têm. Assim, há um hiato entre o que percebemos as aparências e as coisas como são. O que conhecemos sobre a verdade as propriedades dos átomos se faz por analogia ao que percebemos. O conhecimento é mediado pelo intelecto e não pelas percepções. As percepções sensórias conduzem apenas à crença, não à verdade. Ceticismo: não existe verdade, ou não podemos descobri-la. Criticado por Aristóteles: Uma coisa pode parecer doce a quem a prova e amarga a outro; de modo que, se todos os homens estivessem doentes ou loucos, exceto dois ou três saudáveis ou sãos, estes pareceriam estar doentes ou loucos, e não aqueles outros Aristóteles . Protágoras Protágoras subjetividade, em vez de ceticismo. Homem medida de todas as coisas. Todas as crenças são verdadeiras, mas possuem só uma verdade relativa. Mas o sábio é capaz de modificar para melhor as percepções, que serão, então, melhores, mas nem assim mais verdadeiras que as demais. Sócrates maiêutica e aporias Sócrates nascimento não é geração, a parteira de ideias não gera, ajuda a nascer o que já está pronto para vir à luz. Método socrático: elenchus. Diálogos que terminam em aporia incoerência ou dificuldade . Teeteto: o conhecimento não está nas sensações, mas no raciocínio sobre elas. Impossível alcançar a verdade pelos sentidos, mas possível pela razão. Opiniões acidentalmente verdadeiras não são ciência conhecimento? . Conhecimento ciência? é opinião verdadeira justificada? Parece que não, conforme a teoria do sonho ? . Conclui rejeitando três conceitos de logos: a discurso ou enunciado, b enumeração dos elementos de x, c indicação do semêion ou diáfora, isto é, sinal ou característica diagnóstica em que x difere de qualquer outra coisa. Platão Platão , temática dos diálogos: 2 1. da fase socrática: a Laques, coragem; b Cármines, temperança; c Lísis, da amizade; d Hípias maior, beleza; e Hípias menor, ações condenáveis; f Íon, poética; g Eutífron, piedade santidade ; h Críton, obrigação de obedecer. 2. da fase madura: teoria das ideias, Mênon, Simpósio, Fedro, República , Górgias sobre retórica , Protágoras virtude e conhecimento são o mesmo , Crátilo sobre a linguagem , Fédon sobre a imortalidade da alma . 3. da fase tardia: a conhecimento Parmênides, Sofista e b política As Leis, Político , c cosmologia Timeu , d relação entre prazer e bem Filebo . Teoria das ideias. Ser humano faz parte de nosso ser. Aquilo que se refere a homem, chamamos humanidade, ou a ideia ou forma de homem. Cinco subteses: 1. Sempre que vários x sejam P, é porque participam ou imitam a ideia única de P. 2. Nenhuma ideia participa de si mesma ou imita a si mesma. 3. A ideia de P é P, e nada senão isso. 4. Nada além da ideia de P é verdadeira e completamente P. 5. Ideias não existem no espaço e no tempo, não tem partes, não mudam, não são captáveis pelos sentidos. Aristóteles critica a teoria das ideias no argumento do terceiro homem. Platão tentou conciliar, na epistemologia, dois sistemas antagônicos, o de Parmênides intelecto pode atingir conhecimento verdadeiro, mas os sentidos não e o de Heráclito não podemos atingir conhecimento verdadeiro porque nós e o mundo estamos em permanente mudança geração e corrupção . Para essa conciliação, dividiu o mundo em dois, o das ideias perfeitas, imutáveis, constantes, acessíveis à razão e fornecedoras do conhecimento verdadeiro e o dos sentidos imperfeito, mutante, corruptível, transitório, território da pura opinião . Cinco elementos ou condições para conhecermos algo: 1. o nome 1. a definição, um composto de substantivos e verbos 1. a imagem, o desenho que traçamos, e que tem fim 1. o conhecimento em si mesmo: o entendimento e a opinião verdadeira relativa ao objeto; eles estão em nossas mentes, e não nos sons proferidos ou nas formas materiais: são coisas distintas do objeto, do nome, da definição e também da imagem; o entendimento é o que há de mais próximo do quinto elemento, por afinidade e semelhança; 1. aquilo que é conhecível e verdadeiramente real o quinto elemento Teoria da reminiscênciaTeoria da reminiscência: a Alm é da mesma natureza das ideias, e habitava, antes da Queda, o Hiperurânio o mundo das ideias . Caída no mundo das aparências, a alma re-conhece os arquétipos ao vislumbrá-los nas coisas da experiência sensível. Aristóteles Silogismo Aristóteles . Silogismo: ciência pela causa: para algo ser considerado conhecimento científico é preciso conhecer sua causa necessária e não por concomitância, como os sofistas . O conhecimento científico é obtido por demnstração, isto é, na transição das premissas até à conclusão por um silogismo. Há dois tipos de demonstração ou silogismos , a do tipo que é e b do tipo por que é . hide NÃO ENTENDI MESMO id= arinaoeracetico Aristóteles não era tão contrário à empiria quanto alguns seguidores ao contrário do que se pensa . É que, quando seus livros foram redescobertos, árabes e cristãos que os leram eram de sociedades literatas, adeptos de religiões do livro , daí que trataram as obras de Aristóteles como livros sagrados 137 . idade medieval Agostinho Agostinho de Hipon 354-430 . Influenciado por Platão e Plotino neoplatonismo . Platão cristianizado. Teoria da iluminação divina. Tipos de verdades: a lógicas irrefutáveis, por exemplo princípio do terceiro excluído b a respeito de fenômenos imediatos percepções imediatas , irrefutáveis por exemplo sei que este livro é branco 3 c matemáticas regras interiores da verdade d conhecimento das essências Dessas, c e d não podem vir dos sentidos A pura verdade não pode vir dos sentidos do corpo . São razões incorpóreas e eternas equivalentes às realidades inteligíveis de Platão ; superiores à razão humana, mas ligadas a ela. Localizam-se na mente divina, isto é, existem exclusivamente na mente de Deus. Teoria da iluminação divina: metáfora do olho da razão ; Deus é a fonte primária e sua luz nos permite enxergar, como a lâmpada de um projetor Boaventura Boaventura de Bagnoregio. hide Realmente não entendi nada dessa merda! Teoria da iluminação divina modificada. Busca resposta ao problema: se vemos verdades que estão na mente de Deus, porque não o vemos? Causas do conhecimento: causa elemento| função material intelecto passivo dentro da alma individual recebe o conhecimento eficiente agente individual do intelecto abstrai o conhecimento a partir das sensações formal essência da criatura individual conhecida para que a criatura seja o que conhecemos ? final verdades epistemológicas ? eterna ideia divina da verdade conhecimento daquela verdade em todas as suas instâncias atuais e todos os seus potenciais intuição de verdades universais, necessárias e certas A certeza requer iluminação divina mas os outros tipos de conhecimento humano abstração, universalidade e correspondência advém de causas criadas. Aquino Tomás de Aquino 1225-1274 . Também adota teoria da iluminação divina. o intelecto fornece luz que transforma objetos pensáveis em potência no mundo em objetos pensáveis em ato na mente . Diferença: para o intelecto agente é faculdade individual natural humana, é algo na alma humana: a. nega influência divina constante nas operações do intelecto humano b. a iluminação natural não precisa de iluminação adjunta c. diverge de Boaventura / Agostinho, para quem é necessária uma agência externa de uma entidade supranatural sobre a mente humana d. diferença está no modo de transmissão do conhecimento: para o conhecimento é dado participado? todo de uma vez, de início; para os demais a iluminação é um processo contínuo. O intelecto agente reconhece imutavelmente a verdade nas coisas mutáveis distingue a coisa própria de sua aparência . Duas ideias radicais: a homem não tem ideias divinas como objeto de cognição, b a iluminação divina é insuficiente sem os sentidos. Conhecimento pressupõe Deus como primeiro motor. A luz intelectual é uma certeza semelhante à da luz não criada e é obtida por participação. Não há conhecimento inato, inata é a capacidade de reconhecer as verdades. Essa capacidade está nas concepções naturais primeiras, sementes de todas as coisas que conhecemos depois. Conceitos universais como a princípio da não contradição , reconhecidos de imediato pela luz do intelecto agente, medeiam a recepção de todo conhecimento. Por meio desses princípios universais julgamos sobre outras coisas. Duns Scotus Duns Scotus 1266-1308 . Influenciado por Agostinho e Platão, contra Tomás de Aquino. Homem tem conhecimento obscuro e incompleto do indivíduo, causando conhecimento turvo dos universais. A IDEIA É OBJETO IMEDIATO DO CONHECIMENTOConcorda com Aquino nisto: conhecimento envolve presença de uma representação presença de uma espécie ou ideia do objeto na mente. Mas diverge nisto: para Aquino essa ideia está na capacidade do intelecto agente, e para a ideia é objeto imediato do conhecimento hide ??? Para Aquino o objeto do intelecto está presente na mente porque é um universal, que só existe na mente. Para a brancura da parede não pode estar no olho nem na mente, que só comportam uma representação daquela brancura modelo de consciência sensorial . Admite espécies diferentes de conhecimento: a conhecimento intuitivo: imaginação faculdade sensorial; conhecimento sensorial de coisas conhecidas na medida em que está presente em sua existência; divide-se: a1 perfeito: de um objeto existente presente a2 imperfeito: de um objeto que existe como futuro ou passado b conhecimento abstrativo ou cognição abstrativa conhecimento intelectual que está no intelecto porque ele abstrai de toda existência. O conhecimento abstrativo não versa só sobre verdades abstratas, porque é conhecimento da essência de um objeto, sem levar em conta se o objeto existe. As essências incluem essências individuais. Isso parece dizer que poderíamos ter conhecimento de P sem que P seja o caso exista . Occam Guilherme de Occam 1288-1347 . Nominalismo . Objetos da apreensão são a termos e b proposições simples. Podemos ter um pensamento complexo sem fazer juízo dele, mas não podemos fazer juízo sem apreendermos o conteúdo do juízo. Logo, conhecimento envolve a apreensão E b juízo dos termos simples que entram no pensamento complexo. O conhecimento de um termo simples pode ser: a abstrativo: conhecimento da essência independe da existência e das propriedades contingentes do objeto ; não pode conhecer verdades contingentes hide que diabo é isso ; divide-se: a1 sensorial: refere-se só aos sentidos a2 intelectual: refere-se a verdades contingentes que só existem em torno de nossa mente nossos pensamentos, emoções, prazeres e dores , e não são perceptíveis pelos sentidos a2 intelectual: refere-se a verdades contingentes que só existem em torno de nossa mente nossos pensamentos, emoções, prazeres e dores , e não são perceptíveis pelos sentidos b intuitivo: conhecimento da existência do objeto; só este tipo de conhecimento pode conhecer verdades contingentes hide que diabo é isso concepção de ciência na idade moderna Em suma, a história da ciência na idade moderna é a história do embate entre racionalismo concepção hipotético-dedutiva da ciência e empirismo concepção hipotético-indutiva , culminando no apriorismo, a terceira via proposta por Kant. Em qualquer época ou corrente, havia uma preocupação comum: achar axiomas, princípios ou leis que pudessem descrever, justificar e prever com rigor e certeza um fenômeno. Tempo cronológico vs. tempo lógico; este, conduzido por uma pergunta-guia. A Reforma: para a igreja católica só os iluminados sacerdores podiam atingir conhecimento das escrituras; para reformistas esse conhecimento é acessível a todos que se dedicarem ao estudo. Montaigne Montaigne 1592 , Ceticismo e Humanismo , influência de Sexto Empírico e Lucrécio . Visava provar que não existe conhecimento real. Extrapola a falsidade falibilidade dos sentidos para a razão, pois ambos se influenciam mutuamente. ... como não podemos encontrar um juiz imparcial ... nenhum ser humano seria capaz de dissolver os conflitos entre as experiências do jovem e do velho, do saudável e do enfermo, do adormentado e do desperto . Descartes id= descjlkjgsa7gdua6gudgad Descartes 1650 . Materialismo minimalista: as propriedades da matéria são apenas extensão e movimento. Criticado por Isaac Newton quanto à física . Ceticismo metódico hiperbólico. O decisivo campo de batalha entre a certeza e a incerteza é o próprio eu . Parte das ideias nítidas, estáveis e certas, como as da matemática figura e número todos as concebem da mesma maneira, são o substrato inato do pensamento. A partir delas pode-se construir uma cadeia de razões. Mas o que garante que as ideias claras e distintas correspondem a algo real? Hipótese do gênio maligno. O cogito, ergo suum tem uma repercussão na Metafísica, filosofia |metafísic porque significa o encontro, pelo pensamento, de algo que subsiste, de uma substância. quis uma ciência imitadora da matemática, com base só nas proposições da aritmética e geometria. Considerou-se mal entendido na questão da dúvida sistemática, que alguns tornaram extensiva às ações da vida desprezando o uso da prudência para se conduzirem . Com vem uma crise no pensamento aristotélico, e a urgência de se estabelecer um novo método de fazer ciência. Muito melhor jamais pensar em procurar a verdade de alguma coisa a fazê-lo sem método . O método: duas atividades levam ao conhecimento seguro: a intuição e b dedução. a conceito que a inteligência pura e atenta forma com tanta facilidade e clare que não fica absolutamente nenhuma dúvida ; requer uma evidência atual; b modo por meio do qual entendemos toda conclusão necessária tirada de outras coisas conhecidas com certeza; é uma sucessão dependente de princípios verdadeiros; Sabemos a maioria das coisas com certeza sem que sejam evidentes porque as deduzimos de princípios verdadeiros e conhecidos, por meio de um movimento contínuo e sem nenhuma interrupção do pensamento . Esse movimento segue uma ordem: as coisas propostas primeiro devem ser conhecidas sem a ajuda das seguintes, e as seguintes dispostas de forma que sejam demonstradas pelas precedentes. Dois métodos de demonstração: a análise ou resolução: parte do complexo para chegar ao simples; mostra o verdadeiro caminho por meio de que uma coisa foi metodicamente descoberta; mostra como os efeitos dependem das causas; é a ordem em que se descobre a verdade; m.c.: corresponde à indução? b síntese ou composição: método dos geômetras, parte do simples axiomas para chegar ao complexo; examina as causas por seus efeitos; demonstra o que está contido na conclusão, mas não mostra o método da descoberta; é a ordem com que se reconstrói o processo depois de ter descoberto uma verdade; m.c.: corresponde à dedução? análise síntese parte do complexo para chegar ao simples parte do simples axiomas para chegar ao complexo mostra o verdadeiro caminho por meio de que uma coisa foi metodicamente descoberta demonstra o que está contido na conclusão mostra como os efeitos dependem das causas examina as causas por seus efeitos é a ordem em que se descobre a verdade ordem com que se reconstrói o processo depois de ter descoberto uma verdade corresponde à indução? corresponde à dedução? O método começa, então, por distinguir as coisas simples das complexas, distribuindo-as em série por ordem de complexidade. Depois, separar as coisas absolutas contêm em si a natureza pura e simples sobre o que versam das relativas reportam-se ao absoluto . Necessário descobrir sob qual razão estão conectadas tantas verdades particulares, isto é, que proposição mais universal absoluta explica as proposições particulares ou relativas UM SUPER-RESUMO DO MÉTODO CARTESIANOO método, em resumo, tem 4 passos: 1º. não considerar verdadeiro o que permitir qualquer dúvida evitar precipitação e preconceito ; 2º. dividir as dificuldades em tantas partes quanto possível, 3º. examinar do mais simples para o mais complexo; 4º. enumerações completas e revisões gerais. Mathesis universalis: os filósofos do passado haviam conhecido uma espécie de matemática muito diferente da comum de nossa época ? . A que Descartes busca não é a matemática comum mas um outro conhecimento de que aquela é só a vestimenta, um conhecimento que contém os primeiros rudimentos da razão humana . Locke Locke 1704 , Empirismo . Diante da impossibilidade de o conhecimento humano captar as essências reais e conexões necessárias entre as qualidades, propõe um terceiro tipo de conhecimento, o conhecimento sensível, que é menos que ciência mas mais que opinião. a. Em vez de saber sobre as essências causas básicas das propriedades que percebemos , conhecemos só as propriedades percebidas e delas construímos essências nominais. b. Em vez de saber sobre as conexões necessárias conhecemos só coexistência de propriedades. Mesmo sendo particulares contingentes, e somente prováveis dora do âmbito do particular observado, podem ser chamadas de conhecimento. ID= LKINT987678976 Locke distingue qualidades primárias objetivas, como as formas de secundárias subjetivas, como as cores . Veja #LKINT987678965 aqui /a . Leibniz Leibniz 1716 . Indução e experiência não são suficientes para fundamentar a necessidade de uma proposição; logo, as verdades necessárias como as da matemática e da geometria devem ter princípios cuja prova não dependa de exemplos, pressupõem algo que não é puro dado da experiência. Ideias inatas. Há em nós ser, unidade, substância, duração, e podemos apreender em nós mesmos essas realidades e formar ideias sobre elas. Tais ideias decorrem do conceito de mônada e de percepção inconsciente. Diferença entre Locke e Leibniz: para o 1º a ideia é um objeto imediato de nosso conhecimento, e para o 2º ideia é um objeto interno, expressão da natureza ou das qualidades das coisas. Os objetos externos sensíveis não podem agir na alma imediatamente, são objetos mediatos. Só Deus é objeto interno imediato. A alma é de fato um microcosmo, no qual as ideias distintas são um a representação de Deus, e as ideias confusas são uma representação do universo . id= LKINT987678965 Sobre #LKINT987678976 isto /A , rejeita a distinção: todas as qualidades são fenômenos. Kant Kant 1804 . Influenciado por Hume . Distingue diferentes tipos de proposição nos aspectos epistemológicos e lógicos v. n.18 . tipos de conhecimentoE distingue dois tipos de conhecimento: a a posteriori , derivado da experiência, e b a priori , independendente de qualquer experiência; verdades universais e necessárias. tipos de juízoDistingue também dois tipos de juízo: a analítico: o predicado pertence ao sujeito como algo contido implicitamente no seu conceito por exemplo, todos os corpos são extensos; extensão é parte do conceito de corpo ; todos os juízos analíticos são a priori . b sintético: o predicado jaz totalmente fora do conceito por exemplo, todos os corpos são pesados; pesado não explica o conceito de corpo . metas de KantKant queria a definir proposições que fossem universais, b provar que há proposições sintéticas a priori porque a existência delas é condição de possibilidade da metafísica e c determinar as condições de possibilidade de tais proposições. O conhecimento de matemática é a priori mas certas verdades da geometria são sintéticas, por exemplo: a reta é a distância mais curta entre dois pontos: o conceito de reta não contém nada de quantitativo. A física tem também juízos sintéticos a priori como a lei da conservação da matéria. origem do conhecimento, conteúdos e função das categoriasO conhecimento resulta da combinação de conteúdos advindos dos sentidos e operações do entendimento que tornam aqueles conteúdos pensáveis . A experiência fornece dados do mundo segundo as formas da a sensibilidade, b do espaço, c do tempo, ou d das intuições sensíveis, e disso temos o conteúdo. O entendimento, por meio de suas categorias, estrutura esses conteúdos em conceitos. a. Experiência: fornece o conteúdo dados do mundo b. Entendimento: estrutura o conteúdo em conceitos. O experimentado é classificado e codificado, isto é, submetido pelo entendimento a um ou mais conceitos. conceito e juízoAlém da faculdade do entendimento, temos a faculdade do juízo; o 1º a opera palavras individuais e b forma o conceito; e o 2º a opera sentenças inteiras e b aplica o conceito. Um conceito é nada mais que poder fazer juízos sobre coisas. faculdade opera com o que faz entendimento palavras individuais forma conceitos juízo sentenças inteiras aplica conceitos Tábua do juízos de Kant   |   | forma lógica qualidade | afirmativos | S é P   | negativos | S não é P   | indefinido | S é não P quantidade | universais | todo S é P   | particulares | algum S é P   | singular | este S é P relação | categóricos | S é P   | hipotéticos | se S, então P   | disjuntivos | ou S ou P modalidade | assertóricos | S é P   | problemáticos | é possível que S seja P   | apodíticos | é necessário que S seja P Tanto juízos quanto conceitos podem ser empíricos ou a priori. Juízos a priori são chamados princípios, e conceitos a priori chamados categorias. as leis da natureza são impostas pelo próprio intelectoO objeto do conhecimento é uma unidade, e esta não pode vir do que é dado pela sensibilidade: vem do entendimento unidade da consciência . hide Diz que o objeto do conhecimento não pode ser o diverso da intuição dada , seja lá que diabo for; v. pág. 131 do livro /// /// A presença unificadora do entendimento constrói o objeto, e isso explica como são possíveis juízos sintéticos a priori. hide só pras nega dele . O objeto é constituído pela atividade unificadora do intelecto; logo, as leis da natureza podem ser conhecidas a priori, sem generalização da experiência, porque tais leis são impostas pelo próprio intelecto; este, com suas categorias, constitui o objeto da experiência, logo, é autor deste, e não espectador. As categorias são conceitos a priori não são derivadas da natureza são conceitos que prescrevem leis a priori aos fenômenos. As leis não existem no fenômeno, só em relação ao sujeito a que o fenômeno é inerente hide . filosofia natural DISTINÇÃO ENTRE FILOSOFIA NATURAL E CIÊNCIADistinção entre a filosofia natural também chamada filosofia da ciência natural e b ciência antes chamada ciência da física a busca entendimento dos conceitos que usamos na descrição de fenômenos naturais como espaço, tempo, movimento , e b quer explicar os fenômenos em si mas não por raciocínio a priori e sim por observação, experimento e hipótese. Método científico, como se entende hoje: 4 estágios: rnn nn /nn observação sistemática do fenômeno nn /nn proposição de teoria nn /nn teoria deve prever fenômenos futuros não observados anteriormente nn /nn teste empírico da previsão Em todos os estágios acima a matemática é crucial: 1. na medição dos fenômenos e do resultado do experimento 2. na formulação de hipóteses 3. na derivação das consequências esperadas Quatro filósofos contribuíram para esse consenso: a Aristóteles v. #arinaoeracetico aqui /a , b Galileu, c Bacon e d Descartes . a propôs um modelo irreal de ciência com base na geometria ramo mais avançado no seu tempo, gerando um sistema axiomático a priori b #kasdjghfjkashdgaks mais aqui /a c #baconsjhdkjshgdjkfsd ver aqui /a d #descjlkjgsa7gdua6gudgad ver aqui /a Galileu id= kasdjghfjkashdgaks Galileu 1642 . Contra a ciência literata, avesso ao dedutivismo lógico não observacional. Propôs ciência rigorosa como a geometria: começar pelas definições e axiomas para chegar à demonstração de teoremas. Definições devem ter por base a experiência. Único a apreciar o papel da matemática na ciência: o livro da natureza foi escrito na linguagem da matemática: em vez de tipos, tem-se triângulos, círculos, etc. Pressuposto: desvendar essa linguagem. É com Galileu que surge a ideia de um novo tipo de saber, o que hoje chamamos ciência, separado da filosofia 1º a contradizer a ideia de Aristóteles para quem só existe um tipo de saber, subdividido em três graus, física, matemática e metafísica . Criou o método de formulação de hipóteses e deduzir previsões a serem verificadas pela experiência. Característica principal: não especula sobre essências para, com base nelas, deduzir teoremas; reduz uma essência ou propriedade do fenômeno a uma definição matemática: define a essência, expressa matematicamente, conforme seu comportamento observado. Bacon id= baconsjhdkjshgdjkfsd Dedicou-se à descrição dos procedimentos para coleta sistemática dos dados empíricos mas considerava a matemática como mero apêndice da ciência . A ciência dos antigos, puramente contemplativa, é estéril; necessária nova ciência, orientada para a técnica. Objetivo: dominar a natureza dotar o homem de novas descobertas e substâncias . Proposta: uma 3ª via entre ceticismo e dogmatismo. Método: indução: não passar da experiência dos particulares diretamente aos axiomas, mas ir-se gradativamente, passando pelos axiomas menos universais. Vencer os ídolos: a mente não é tabula rasa, nem um plano ideal do mundo em sua totalidade; ao contrário, é como um espelho curvo com distorções implícitas os ídolos , as falácias mais profundas da mente humana, predisposição corrupta e mal-ordenada do espírito ... perverte e infecta todas as antecipações do intelecto 1º ídolo da tribo: influência da vontade e dos afetos, leva a afirmar o que é agradável em vez do que é verdadeiro 2º ídolo da caverna: educação, costumes, experiência contingente 3º, ídolo do foro mercado uso das palavras sem entender o significado 4º, ídolo do teatro, preconceitos recebidos de sistemas filóficos tradicionais, que se assemelham a mundos ficcionais nunca testados Método em 4 etapas: 1º, tábua de presenças, enumerar todos os fatos nos quais se apresenta o fenômeno 2º, tábua de ausências, enumerar casos diferentes onde o mesma fenômeno está presente 3º, tábua de gradação, casos onde a natureza estudada está parcialmente presente 4º, primeira vindima, isto é, 1ª hipótese, a ser testada a seguir Newton Newton concebeu uma estrutura matemática do mundo: o mundo como uma máquina regulada por leis exprimíveis mecanicamente, onde não há lugar para imprevistos causados por almas ou forças vitais. Propôs: a existência de forças da natureza que podem não ter explicaçao em termos de matéria ou movimento hide ??? e b uma única lei para reger não só os corpos em queda na Terra como em qualquer lugar. introdução: construtivismo Superando o dualismo da idade moderna concepção hipotético-dedutiva contra concepção hipotético-indutiva da ciência , surge uma nova concepção de ciência, o construtivismo: ciência como uma construção de modelos explicativos para a realidade, em vez de uma representação da própria realidade. Modelo como uma aproximação corrigível do fenômeno ciência. ASPECTOS DO CONSTRUTIVISMOO construtivismo aproveita, a do racionalismo, a garantia de estabelecer axiomas e definições sobre o objeto científico; b do empirismo, o uso da experiência como guia nas modificações da teoria. A teoria é exatamente o conjunto de axiomas, postulados, definições e demonstrações. O objeto é ao mesmo tempo uma construção lógico-intelectual e uma construção experimental. O conceito de ciência: atividade que busca explicar e prever aproximativamente os fenômenos com base na experiência e coerência interna do modelo axiomático. A meta não é encontrar uma verdade absoluta, mas uma aproximação capaz de produzir resultados satisfatórios e condizentes com a experiência. A verdade deixa de ser justificação da ciência. A filosofia da ciência não busca mais justificar o conhecimento verdadeiro, mas a própria atividade científica. Exigências do ideal de cientificidade: 1º. coerência ausência de contradições entre os princípios 2º. modelos dos objetos construídos com base em observação e experiência 3º. resultados podem alterar a o modelo e também b os princípios da teoria, corrigindo Círculo de Viena Círculo de Vien grupo de cientistas e filósofos que, na década de 20 do Século XX adotaram postura radicalmente antimetafísica, com base em a critério empirista do significado e b conceito de matemática amplamente logicizada. Negavam qualquer princípio sintético a priori: todo enunciado científico é a posteriori, isto é, mera constatação. Propuseram o critério da verificabilidade como elemento distintivo da ciência. Integrantes: Rudolf Carnap , Otto Neurath, Moritz Schlick, Ernst Nagel, Hans Reichenbach, Wittgenstein , no início. Carnap positivismo lógico Carnap tinha 2 objetivos: a eliminar a metafísica da filosofia e b apresentar o empirismo lógico como via alternativa para dar significado à linguagem científica. Foi contestado por Quine . Afirma que a metafísica é a falsa porque contradiz o conhecimento empírico, b incerta porque seus problemas transcendem os limites do conhecimento humano e c suas questões são estéreis seus enunciados são sem significado . Proposta de lógica com objetivo de clarificar o conteúdo cognitivo dos enunciados científicos. O significado de uma palavra dentro de uma linguagem é designado por um conceito se não, é um pseudoenunciado . Para achar o significado de uma palavra primeiro devemos fixar sua sentença elementar belaletra S . Por exemplo, no caso da palavra pedra, a sentença elementar seria belaletra X é uma pedra , onde belaletra X ocupa o lugar de uma categoria de coisas, neste caso esta pedra . Feito isso perguntamos à sentença elementar belaletra S de quais sentenças belaletra S é dedutível e quais sentenças são dedutíveis de belaletra S . Por exemplo: se belaletra S for belaletra X é um artrópode , belaletra S é dedutível de premissas como belaletra X é um animal , belaletra X tem um corpo segmentado , etc. são os elementos do conceito de artrópode . É por meio dessas estipulações sobre a dedutibilidade isto é, sobre as condições de verdade, o método de verificação que o significado é fixado; todas as palavras da linguagem são reduzidas a outras e ocorrem em sentenças protocolares. id= lnkisdhgfjshgdkjhga Enunciado protocolar: parece que são enunciados sensoriais de fatos apuráveis na experiência v. p. 168 . hide muita dúvida!??? Todavia, em J2001d o é descrito como aquele que só tem significado pelo conjunto lógico , ou seja, pelo conjunto das transformações analíticas em que se integra; seria o equivalente ao que a lógica antiga denominava .'convenção'. Isso condiz com a ideia do Círculo de uma lógica simbólica que é mera convenção e nada ensina sobre o mundo. Mas diz também que esses enunciados devem ser meras constatações. O significado da palavra é definido pelo seu critério de aplicação as a relações de dedutibilidade, b relações de verdade e c o método de verificação . Não há liberdade para decidir o que seja significar: o significado do termo está implícito no critério. Assim, para uma palavra ser significativa depende das seguintes formulações, que, na prática, dizem o mesmo: 1º. os critérios empíricos para belaletra X são conhecidos 2º. foi estipulado a partir de quais sentenças a sentença elementar de belaletra X é dedutível corresponde a a 3º. as condições de verdade da sentença elementar foram fixadas equivale a b 4º. o método de verificação da sentença elementar é conhecido corresponde a c Logo, uma sentença deve ser usada para afirmar uma proposição empírica. O que está além da experiência sensível não pode ser dito ou questionado. Enunciados significativos dividem-se em a lógicos verdadeiros em virtude da forma e b empíricos verdadeiros em virtude da experiência . Logo, só ciência empírica e lógica são capazes de proferir verdades. Quine Quine contestou Carnap . Critica dois dogmas do empirismo: 1º. O conceito de analiticidade, ou a divisão, considerada incontestável desde Kant , entre enunciados analíticos e sintéticos. Afirma que nenhuma definição do conceito de analiticidade permite reconhecer enunciados analíticos isto é, necessariamente verdadeiros na linguagem natural. 2º. A fé na possibilidade de reduzir qualquer enunciado da linguagem a um enunciado protocolar, isto é, sensorial hide ??? m.c.: #lnkisdhgfjshgdkjhga fortes dúvidas sobre essa conceituação /a . Propõe como alternativa o empirismo moderado, sem dogmas, onde o sistema teórico se funda na experiência mas com revisibilidade dos enunciados em função de questões de fato. notinhas m.c.: Em suma, o que Kant chamaria de enunciados analíticos a priori não existe porque nenhum enunciado é necessariamente verdadeiro e todos podem ser revistos se contrariados pela experiência. Karl Popper Popper 1994 rejeita a tese indutivista a indução como método científico , e a ideia de verificacionismo nas ciências empíricas, por ser impossível prová-lo; e propõe, em troca, o método do Falseabilidade |falseacionismo . A tese indutivista tradicional defende que a ciência se baseia em observações neutras que ascendem a teorias de forma gradual e cumulativa pela indução de leis universais. Popper afirma que temos acesso à realidade por meio de expectativas e conjecturas, sendo a ciência feita de conjecturas e refutações. O problema da demarcação é o de traçar uma linha que separe da melhor forma um sistema de informações científicas de outras afirmações religiosas, metafísicas, pseudocientíficas . A solução é o critério da refutabilidade: só é científica a afirmação refutável por observações possíveis ou concebíveis. Mas a refutabilidade não tem relação com sentido ou significado, veracidade ou aceitabilidade. A indução nunca foi usada de fato na ciência, porque não existe observação pura: toda observação é carregada de teoria defende, pois, o impregnacionismo teórico das investigações . Não existe metodologia única específica da ciência. Ciência, como qualquer atividade humana, consiste amplamente em solucionar problemas. As hipóteses ou teorias surgem livremente, inclusive da pura inspiração: as regras metodológicas só são usadas para o teste empírico da hipótese. Substitui a indução pela falseabilidade: uma teoria é científica se for refutável por um evento concebível. Toda teoria científica é proibitiva de eventos particulares faz uma predição de risco . Quanto mais proibitiva quanto maior o risco de a predição ser contradita , melhor é a teoria. Todo teste genuíno de uma teoria científica é uma tentativa de refutá-la. Toda teoria científica pode ser falseada, mas nenhuma verificada logicamente falseável mas não conclusivamente verificável . Pode, quando muito, obter um alto nível de corroboração. embora nunca se possa dizer legitimamente de uma teoria que ela é verdadeira, pode-se confiantemente dizer que ela é a melhor disponível, que é melhor do que qualquer coisa que veio antes Chalmers . Não existem, para , ideias inatas, mas há reações ou respostas inatas, que podem ser expectativas, que têm relação estreita com conhecimento. Conhecimentos que não são válidos a priori são psicológica ou geneticamente apriorísticos. Por exemplo, uma expectativa importante é a de encontrar regularidades. A atitude científica é a atitude crítica. A atitude dogmática é pseudocientífica. Fora do campo da lógica e da matemática não existem provas. Exigir prova racional para conhecimento científico é falha na distinção entre o campo da racionalidade e o da certeza racional esta não pode ser atingida 226 . Kuhn Com Thomas Kuhn deixa-se, pela primeira vez, de falar em ciência como busca da verdade. A ciência normal progride de paradigma em paradigma, e cada paradigma opera como uma rede interpretativa que guia a investigação defende, pois, o impregnacionismo teórico das investigações . trata da estrutura das revoluções científicas episódios de mudanças nos compromissos dos cientistas , que seguem um caminho cíclico: a atividades desorganizadas ciência pré-paradigmática , b ciência normal, c época de crise, d ciência extraordinária, e revolução científica e f nova ciência normal. O ensino científico é repleto de crenças e se assemelha à teologia. O aprendizado é destinado a preservar e disseminar a autoridade de um corpo já articulado de teorias. A principal atividade do cientista é a solução de quebra-cabeças: já sabem de antemão qual é o resultado esperado encaixar o fenômeno no paradigma . Quando surgem anomalias fenômeno que não cabe no paradigma há crise, e em d há disputa para habilitar um novo paradigma. Eventualmente da anomalia resulta a assimilação: a teoria paradigma sofre uma adaptação e incorpora a anomalia, e a isso se chama descoberta . A teoria passa a explicar um número maior de fenômenos. Os paradigmas rivais são incompatíveis e incomensuráveis irredutíveis a uma medida comum . Por isso o debate parece um diálogo entre surdos comunicação falha . Cientistas dificilmente abandonam seus paradigmas. A substituição do paradigma velho por um novo depende de uma combinação de fatores, como este resolver as anomalias do antigo, ser mais preciso quantitativamente, predizer novos fenômenos, ter maior poder de persuasão. Por que a ciência não busca a verdade? Porque quando um novo paradigma é adotado, isso visa solucionar as anomalias, mas paralelamente muitos dos problemas antes considerados relevantes são abandonados 179 . o círculo hermenêutico e as ciências humanas Friedrich Ast criou o círculo hermenêutico abr. loc.: β . Diz: A lei fundamental de toda compreensão e de todo o conhecimento é encontrar o espírito do todo a partir do singular e apreender o singular através do todo . Shleiermacher: do mesmo modo que o todo é compreendido a partir do singular, também o singular só se deixa compreender a partir do todo . A parte refere-se à relação texto-frase, e o todo à relação autor-texto. Heidegger 1876 e Gadamer 2002 deram nova dimensão ao &beta, estendendo-o à relação, também circular, entre pré-compreensão do intérprete inclusive a sua autocompreensão e o interpretandum. Nossa experiência do mundo é condicionada pelo horizonte do intérprete, de forma que a compreensão está sujeita a uma estrutura de antecipação ou rede conceitual. Nosso acesso à realidade é necessariamente condicionado por um horizonte de compreensão ou um conjunto de concepções prévias que permitem a atribuição de sentido às coisas, à experiência Gadamer . Preconceito é pré-condição para a inteligibilidade, e por isso não pode ser eliminado. Compreensão é fusão de horizontes. Interpretar não é reconstruir na sua integridade um sentido preexistente à interpretação, mas recontextualizar o objeto da interpretação no horizonte do intérprete Silva . Gadamer sugere 3 estratégias contra a arbitrariedade interpretativa ou relativismo hermenêutico a comunidade de tradição: a pertença de intérprete e interpretandum a uma tradição comum limita o perigo; b coerência: uma projeção de sentidos ou preconceitos inadequados a um texto não permite um relato coerente; c presunção de verdade do que é dito: deve-se presumir a verdade do texto, e isso restringe as interpretações possíveis. Davidson enuncia c como princípio da caridade, pelo qual um intérprete deve necessariamente considerar que o falante é, em geral, coerente e que tem um conjunto de crenças amplamente verdadeiras ou, por outras palavras, na interpretação de entidades ou acontecimentos com sentido, o ponto de partida é constituído por pressuposições de racionalidade 198 . Na interpretação da fala de uma pessoa pressupomos coerência, racionalidade e consistência, de modo que interpretar é racionalizar o comportamento de outra pessoa com base em nosso sistema de crenças e valores. Da noção de &beta tira-se uma crítica ao objetivismo nas ciências humanas. Nelas os entes são interpretados a partir de um horizonte de compreensão que inclui a tradição cultural e práticas sociais do intérprete ao contrário do que ocorre nas ciências naturais, que descontextualizam o ente . Por isso as ciências humanas não oferecem conhecimento objetivo, mas uma multiplicidade de perspectivas sobre a realidade. A interpretação envolve projeções e antecipações de sentido com base em pressupostos ou preconceitos do intérprete. Charles Taylor: opõe-se a uma concepção nomológica das ciências sociais orientada à descoberta de relações causais: o comportamento só pode ser estudado à luz dos sentidos das ações e instituições. Daí que as ciências humanas envolvem necessariamente a interpretação e um movimento circular de validação de interpretações com base noutras interpretações Silva . Taylor: o estudo do comportamento humano não pode ser reduzido à procura de regularidades ou generalizações de tipo nomológico, uma vez que ele é caracterizado de forma essencial por ter sentido Silva . Logo, esse comportamento é holístico porque envolve necessariamente não só a relação entre sujeito e objeto mas também um campo de contrastes segundo o qual um sentido é identificado em relação com outros sentidos. Por isso a interpretação varia em função do repertório de sentimentos, situações e conceitos que o intérprete traz consigo: as ciências humanas baseiam-se em leituras de sentidos, e não em dados brutos, e seu estudo requer Intuição . Logo, haverá divergências 193 . A aplicação do &beta é originária da interpretação de materiais com sentido textos, obras de arte, ações mas cabe nas ciências naturais porque a os fatos que permitem refutar uma teoria só podm ser descobertos a partir de outra teoria Feyerabend ; b a &beta permite distinguir entre categorias e premissas m.c.: segundo parece as premissas seriam os preconceitos, as conjecturas, em que se baseia a teoria pré-empírica ; c por meio de confronto com outras perspectivas é que tomamos consciência dos nossos preconceitos. Taylor: humanos são animais autointerpretantes; regularidades no comportamento humano, mesmo que estáveis, não devem ser confundidas com regularidades naturais. técnica e tecnologia Trata-se aqui da tecnologia como a problema filosófico. Há diferença entre a técnica de épocas e culturas passadas ; capacidade humana de modificar deliberadamente materiais, objetos e eventos, produzindo elementos novos, não existentes na natureza; produção de arte-fato ; com base em saber vulgar; b e tecnologia contemporânea, com base em ciência experimental ; modo de vida; técnica de base científica; seria o estudo científico do artificial, porque vai além da aplicação de um saber-fazer, pergunta-se por um saber teórico e busca aperfeiçoamento. Artefato é algo artificial, que não precisa ser uma coisa, pode ser também uma modificação no estado de um sistema natural. Tda coisa, estado ou processo controlado ou feito deliberadamente com ajuda de algum conhecimento aprendido e utilizável por outros. Técnica e tecnologia supõem conhecimentos estabelecidos ou novos. E toda produção delas implica valores. Teorias tecnológicas são em geral de dois tipos: a substantivas, fornecem conhecimento sobre objetos de ação, por exemplo a teoria do voo; aplicam teorias científicas a situações reais a teoria do voo é uma aplicação da dinâmica de fluidos ; b operativas, tratam de ações de que depende o funcionamento de artefatos por exemplo a teoria sobre gestão de tráfego aéreo ; têm caráter tecnológico porque se aplicam diretamente à ação e combinam conhecimento ordinário, ciências formais e conhecimentos especializados não científicos. Os excessos da tecnologia derivam do código moral nela implícito teoria da neutralidade axiológica da tecnologia , e que separa o homem da natureza autorizando-o a submetê-la e isentando-o de responsabilidade. Borgmann: tecnologia é o modo tipicamente moderno de o homem lidar com o mundo. Como esse paradigma é intrínseco à vida cotidiana, passa despercebido. O modo de vida acaba por implicar uma tendência reducionista de quaisquer problemas a uma relação entre meios e fins. Mas os dispositivos são meios sem fins, independentes de contexto, pois o consumo é um fim em si mesmo. 1 Isso não parece indicar que também o fundamento da filosofia não é objeto alcançável pela filosofia, e deveria ser objeto de estudo de algo maior, externo? Como no teorema de Godel, um sistema só pode ser explicado de fora, por outro sistema? 2 Nessa parte, informações de fmon e J2011d. 3 Há uma distinção complicada entre parecer e fazer um juízo . Filosofia da religião F. de l. da obra: Faria, A. A.. Filosofia da religião . Curitiba: Intersaberes, 2017 abr. loc.: F2017r. Sumário :toc: apresentação A importância da filosofia da religião abr. loc.: FDR está em transcender o que é doutrinal e confessional, para deter na investigação filosófica do universo espiritual do ser humano, por meio de uma abordagem metafísica, antropológica e ética. Ninguém pode negar a importância da vivência religiosa de um povo e o seu impacto: a religião está no centro da vida do povo e determina, quase sempre, seu comportamento e o enfoq por meio de que vê o mundo. A FDR busca conexões que apontem para uma razão lógica e comum. objetivos da obra Os objetivos da obra são: a definir o conceito de FDR e seu objeto; b compreender, de um ponto de vista filosófico, as diversas manifestações das religiões; c entender o fenômeno religioso em seus contextos histórico, social e cultural; d investigar a possibilidade formal da religião na existência humana m.c.: dúvida; talvez seja determinar em que circunstâncias a religião é possível; e esclarecer a possibilidade e a essência formal da religião na experiência humana m.c.: dúvida; é o mesmo que acima?. comesso cap1introducao cap1introducao introdução à FDR A filosofia, por princípio, investiga aquilo que está além da compreensão humana. objeto de estudo da FDR A FDR investiga as origens e natureza do fenômeno religioso e a influência da religião no comportamento humano e nas sociedades. FDR é expressão criada por Hegel 1831. o que a FDR não é A FDR não deve ser confundida com a teologia, a apologética ou a fenomenologia da religião 1. conceito e método da FDR A FDR seria a investigação da crença humana em divindades e o comportamento das pessoas religiosas 2. O método da FDR é racional, especulativo e argumentativo, nunca confessional. Não tem nenhum compromisso com a fé. o que é uma pessoa religiosa? Uma pessoa religiosa é alguém ligado à divindade. A religião seria o caminho por meio do qual uma pessoa está ligada à divindade. Ernst Cassirer: religião como forma simbólica: constrói seu universo simbólico por meio das funções de expressividade e representação; sua origem está, como a do mito, ligada à consciência da finitude humana. Desde o início o mito é religião em potencial. etimologia da palavra religião Etimologicamente a palavra religião pode ter duas origens: a relegere , que indica obrigação, aquele que cumpre cuidadosamente os atos do culto que relê atentamente Cícero, pois religere é o contrário de negligere ; b religare , conforme Agostinho de Hipona e Lactâncio, religar o homem à divindade. Essa primeira acepção condiz com a característica legalista do universo religioso, que é o que distingue a religião da espiritualidade v. adiante. fenomenologia da religião: conceito A fenomenologia da religião estuda o fenômeno religioso, tudo aquilo que é visível ou manifesto no âmbito da religião: todo o conjunto de acontecimentos manifestados nos espaços sagrados, inclusive rituais e gestos. Por meio do fenômeno religioso se transfere para a esfera da divindade aquilo que está além do entendimento humano. O fenômeno religioso está sempre em sintonia com a cultura e os costumes de certo povo: o meio no qual o indivíduo está inserido condiciona seu ser religioso. Daí que o fenômeno religioso deve ser visto de um ponto de vista macro envolvendo aspectos culturais, sociais, humanos. Compreender o fenômeno religioso é entender como um determinado grupo vivencia o ethos e as implicações de seu agir na relação com a sociedade; a religião concerne à emergência da alteridade. religião e modernidade: subjetivismo, relativismo e descrença A religião se modifica diante da modernidade, vista como o cenário de desenvolvimento científico e tecnológico, mais concentração do capital, burocratização formal do Estado e urbanização. A ciência moderna altera a visão de mundo e conduz ao pensamento racional. Resultado: mundo secularizado e hominizado, despido dos vestígios de Deus. A concepção subjetivista da modernidade se fortalece. O subjetivismo é a redução de qualquer juízo ao sujeito que julga; o mesmo que dizer que a validez é limitada ao sujeito que julga Ferrater. É a tendência a só levar em conta os dados do sujeito envolido. Do subjetivismo surge o relativismo sistêmico a desconfiança atinge os sistemas de verdade, de bem e de valores criados pela razão. Há a crise das verdades e dos valores: as grandes teorias explicativas da realidade e da história são trocadas pelas particularidades em todos os níveis: surgem as pequenas verdades, as morais provisórias. privatização religiosa leva a espiritualidade sem religião Há uma tensão positiva constante entre o viver religioso e o viver filosófico: ambos pretendem ser mais que um produto da história, aspiram transcender a história e descobrir verdades absolutas independentes das circunstâncias Ferrater. A modernidade, enquanto não pode abolir a religiosidade, remete-a ao mundo privado: em vez de uma grande religião, de um universo simbólico único tradicional, surgem inúmeras manifestações independentes, flexíveis: é a privatização religiosa. Em consequência desse fenômeno passa-se a diferenciar a religião de b espiritualidade. A primeira se relaciona com os valore seguintes sagrados e supremos da vida, de modo formalmente estruturado e identificado com instituições religiosas e rituais. A espiritualidade, por sua vez, se refere a uma experiência direta, pessoal, do sagrado, mais referida à experiência mística e de transcendência, um fenômeno individual relativo ao sentido da vida. Contemporaneamente se vê a generalização da ideia de que a espiritualidade seria boa e a religião ruim , ao mesmo tempo em que cresce o número de pessoas que se dizem espiritualizadas mas sem relação com qualquer instituição religiosa. Curiosamente, junto com a apatia religiosa crescente, cresce também a oferta e a procura por socorro sobrenatural, como nos tempos mitológicos. Mas o medo que conduz a essa busca não é mais das forças desconhecidas: hoje o homem busca socorro contra medos bem conhecidos. cap1introducao osgregos osgregos a religião na filosofia grega passagem do mito ao logos e do caos ao cosmo O nascimento da filosofia grega se deu por meio de um processo de depuração da mitologia: uma passagem gradual do mito ao logos e do caos ao cosmos. O fenômeno religioso esteve bem presente, ainda que de forma especulativa, no pensamento dos filosofia antigos. Nesse processo o pensamento evoluiu da teogonia para a cosmogonia, e desta para a cosmologia a, b, c. Em b já há a tentativa de explicação da organização do mundo por meio de suas forças geradoras ao contrário de a onde se queria explicar a origem dos deuses, mas a narrativa ainda é ligada aos mitos. Já em c o estudo se dá com base na natureza physis. Os primeiros filósofos eram chamados físicos porque faziam cosmologia, mas a concepção de natureza dos antigos não era a mesma de hoje. Os que se sustentavam sobre a crença nos mitos é que detinham o poder. A filosofia antiga, greco-romana, surge com Tales e termina em 529 d.C. quando Justiniano manda fechar as escolas pagãs. pré-socráticos: a busca do princípio Os filósofos pré-socráticos buscavam o arké , o princípio último, único, causa de tudo o que existe. Esse princípio seria aquilo de que tudo deriva e em que tudo se resolve por fim: uma realidade que permanece idêntica no transmutar das suas alterações, que segue existindo de maneira imutada. O arké seria, assim, a a fonte de tudo, b a foz de todas a coisas, c o sustentáculo permanente de tudo a substânci, d aquilo do qual tudo vem, no qual tudo se conclui e pelo qual tudo existe e subsiste. Anaximandro e o ápeiron Anaximandro via o arké como ápeiron, privado de limites internos ou externos. O ápeiron dá origem a tudo delimitando-se. Tudo surge de delimitação e determinação do ápeiron ilimitado e indeterminado. Heráclito: tudo flui Para Heráclito o Uno só pode existir na tensão dos contrários: há unidade na diversidade e diferença na unidade. O fogo é a perfeita expressão dessa luta/tensão perene: é vida que vive na morte, contínua transformação, perene necessidade e saciedade. Pitágoras e o mundo como harmonia A ideia dos seguidores de Pitágoras |pitagorismo de que o número seria o arké quer dizer que viam o mundo como harmonia; o número, para os pitagóricos, expressava ordem, razão e verdade, e como a harmonia dos números gera a ordem kosmos a ordem do universo devia ser da mesma natureza. O átomo de Demócrito não é o da ciência Demócrito via no átomo o arké , mas sua ideia de átomo não é a dos cientistas de hoje. O universo de Demócrito era feito de átomos e vazio, e seu átomo era sem qualidades, tem apenas forma geométrica, ordem e posição. É imutável, incorruptível e inexoravelmente dotado de movimento. É um princípio básico infinito e infinitamente combinável, o que leva a mundos infinitos. Mas para Demócrito há uma lei física inexorável de geração e combinação porque os átomos necessariamente se movimentam, que não é governada por qualquer causa inteligente ou final. Platão e Aristóteles O demiurgo de Platão é uma força ordenadora de tudo, a alma do mundo mas também diz que o demiurgo criou a alma do mundo . A organização que o demiurgo promove usa três princípios: a essência, a identidade e a diferença. Mas o demiurgo de Platão não se confunde com uma divindade e não é algo a ser cultuado. Para Aristóteles as substâncias móveis, corruptíveis e efêmeras são antecedidas por uma substância imóvel, incorruptível e eterna, o primeiro motor, responsável pelo princípio do movimento. O primeiro motor é necessário, incorruptível e imóvel. Mas não se confunde com um deus: é um deus da metafísica que é ato puro, e ao qual só se chega pela razão. religião no período helenístico A religião do período helenístico, ou religião pagã, era uma religião do sagrado, o sagrado permeava todos os acontecimentos. A cidade antiga era um espaço sagrado. Não havia a ideia de apartamento entre o homem e o mundo natural, a cidade não se distinguia da natureza. Já na segunda antiguidade a relação entre cidade e natureza se afrouxa, a religião familiar e coletiva se torna religião do indivíduo. Dessacraliza-se a vida cotidiana e a própria natureza. Surge o helenismo, a unificação cultural do mediterrâneo. O sentimento de pertencimento à cidade torna-se o sentimento de pertencimento ao império. Nesse contexto surgem estoicismo, epicurismo, ceticismo. Estoicismo: filosofia trágica Para o Estoicismo emoções ruins resultam de erros de julgamento: sábios não cometem tais erros e estão livres de tais emoções. O universo é físico e governado por um logos ou razão divina, da qual faz parte a alma humana, que, aliás, só existe na qualidade de parte desse todo. Na ética estoica todo o bem que existe está contido na retidão da vontade: o mal está no vício. O sábio é sempre feliz, e o homem mau sempre infeliz. É uma filosofia com base na condição trágica do ser humano, cujo destino está ligado à dor, ao sofrimento e à morte, situações irremediáveis. Cabe ao homem agir com racionalidade e fazer o melhor de si, porque o poder de escolha permite ser feliz apesar dos infortúnios. Basta ter uma ação apropriada , agir conforme a razão. Epicurismo: prazer = felicidade Para o Epicurismo o prazer é o caminho para a felicidade e do sentido da vida. O fundamento é o cuidado da saúde da alma: como a medicina se ocupa do mal que aflige o corpo, a filosofia cuida da alma. Ensinava quatro sabedorias 1. os deuses não devem ser temidos, pois são indiferentes aos homens, 2. a morte não deve ser temida, 3. o bem é fácil de obter e 4. o mal é fácil de suportar. A moral epicurista é hedonista, o prazer sensível é o fim supremo; o objetivo da vida é suprimir a dor. O critério de toda moralidade é o sentimento. Mas não trata de prazer momentâneo que traz consequências futuras danosas. O prazer deve ser recusado se causa sofrimento futuro. Só o prazer conforme a razão é benigno. Necessidade da ciência já que é preciso avaliar as consequências do prazer antes de aceitá-lo, é necessário o conhecimento da natureza e de si mesmo, para não incidir em erro de julgamento: não se pode gozar dos prazeres puros sem a ciência da natureza , dizia Epicuro. Ceticismo: o sábio é impassível Para o Ceticismo a razão humana não tem a capacidade de conhecer a verdade em si; só podemos conhecer as ideias que temos das coisas. Pirro ensinava: não devemos nos fiar nos sentidos, e sim permanecer sem opinião, impassíveis. A impassibilidade leva à afasia, e esta à Ataraxi 3 4 osgregos patrisescolastica patrisescolastica patrística e escolástica Idade Média: a filosofia escravizada pela teologia Na Idade Média ocorreu uma confusão entre filosofia da religião e a própria filosofia medieval: a filosofia se restringiu aos monastérios e só sobreviveu como uma parte da teologia. Patrística é a doutrina dos autores cristãos da antiguidade tanto ortodoxos quanto heterodoxos; no ocidente termina com Gregório Magno 604e no oriente com João Damasceno 749. Escolástica doutrina da Idade Média stricto sensu séc. IX a séc. XVI; sua preocupação foi a firmar o nexo entre razão e fé. Agostinho de Hipona: homem social Agostinho de Hipon contrapôs ao dualismo bem-mal dos maniqueístas a doutrina de Plotino, de que o mal é a ausência de bem. Via o homem num contexto social, sempre vinculado à sociedade em que vive. Para ele a convivência em sociedade faz do homem mais humano. Nas imagens da cidade celeste e da cidade dos homens aludia a dois caminhos: viver segundo o espírito ou segundo a carne. Para Agostinho de Hipona fé e razão estão em sintonia e se complementam. Duns Scotus: fé e razão não combinam Duns Scotus também chamado Scoto, Scotto, Scot 1308: mudou o foco da temática tomista. Tomás de Aquino defendia a complementaridade entre fé e razão, e Duns dizia que uma e outra têm metodologias diferentes: a fé nada tem que ver com a razão. A fé pertence ao domínio prático. A fé não é um hábito especulativo Duns expandiu a metafísica de Aristóteles para incluir no conceito de Ser o Deus cristão infinito: tudo que pertencia às categorias de Aristóteles é finito, mas o Ser contém o infinito. Não se pode chegar à comprovação de muitos atributos divinos por meio da razão, porque Deus supera o âmbito da razão e seus atributos estão na esfera da fé, devem ser cridos e não compreendidos. Guilherme de Occam: livre expressão Guilherme de Occam 1347 também chamado Okham ou Ockam: seu pensamento tem duas notas características: 1. foi o primeiro a reivindicar o direito de livre expressão ; e 2. levou à radicalidade a separação entre fé e razão . As verdades da fé não podem ser provadas , já que parecem falsas para todos, ou para os sábios. Assim, filosofia e teologia devem ser independentes, a filosofia não deve mais ser serva da teologia, que não é ciência, mas conjunto de proposições vinculadas não pela razão mas pela força de coesão da fé. Primazia do pensamento do individual sobre o universal rejeita a ideia de uma natureza comum entre os indivíduos a que damos um nome em comum: não há universais fora da mente: tudo que há no mundo é singular. O universal é um termo meramente lógico. Pensamento com consequências políticas se o individual prevalece sobre o coletivo, a autoridade política e espiritual devem ser repensadas. O poder o Papa deve ser limitado: a verdade não é sancionada pelo Papa, mas pela comunidade livre dos fiéis. A igreja e o Estado devem estar separados. A infalibilidade é da igreja conjunto dos fiéis e não do Papa. João de Paris João de Paris foi o primeiro a afirmar o direito dos indivíduos à propriedade. Marsílio de Pádua Marsílio de Pádua afirma que o Estado é uma construção humana, que responde a finalidades humanas e não tem fonte ou força de origem teológica. Nas questões humanas e terrenas a igreja é que deve se submeter ao Estado. Mestre Eckhart Mestre Eckhart forjou o idioma alemão como linguagem filosófica. Ligado ao misticismo especulativo: insiste que Deus está além de toda possibilidade conceitual, e o homem, afastado de Deus, não é nada. Buscou uma justificação para a fé, que já se via então sem o suporte da razão. Quis mostrar a unidade entre criador e criatura. Deus ama necessariamente. Pensadores da Reforma: Wyclif e Huss João Wyclif defendeu um determinismo teológico: Deus é causa de tudo, inclusive causa determinante dos atos humanos voluntários. Rejeitou todos os ritos, em favor da interioridade do ato de fé. Dizia que a verdadeira igreja é a comunidade dos justos, única soberana nos bens temporais coletivos. Opôs-se à igreja hierárquica. João Huss defendia a ideia da igreja invisível dos eleitos e a paridade entre o clero e os fiéis leigos. patrisescolastica humanismoefilcrit humanismoefilcrit do humanismo às filosofias críticas filosofia, religião e razão O racionalismo tem como base a supremacia da razão: tudo que existe pode ser explicado por um juízo lógico. Daí que porque a razão é individual o homem moderno questiona o acesso imediato à realidade a passa a falar da realidade através da mediação da subjetividade. Desprezam-se os sentidos, sentimentos e a revelação. Consequências políticas se o que não for sustentado pela razão não é crível, os critérios de autoridade de qualquer tipo — inclusive fé, tradição — são duvidosos. Consequências religiosas a regularidade dos fenômenos naturais dispensa a hipótese da causa primeira. Logo, nega-se o transcendente e chega-se ao agnosticismo: atitude que diz sem impossível afirmar ou negar a existência de Deus. Deus visto pela subjetividade o humanismo exalta o homem, põe o homem e não o cosmo no centro da atenção. Mas não consegue pensar a subjetividade em seu relação com o mundo sem referência, positiva ou negativa, a Deus. A questão de Deus passa a ser tematizada não mais a partir do mas pela mediação do homem, isto é, a partir da subjetividade. fundamentos do humanismo São quatro os fundamentos do humanismo: 1. O homem deve ser compreendido em sua totalidade , isto é, dotado de corpo e alma e inserido no mundo com a missão de dominá-lo. Isso se opõe à ideia escolástica que via o homem fora da realidade, abstrato. 2. O homem é um ser histórico tem um passado inegável, está unido ao legado que recebeu. 3. As letras clássicas têm valor humano. Humanitas: a educação do homem. As disciplinas de boas artes humanísticas são as que formam o homem, porque são próprias do homem. 4. O homem é um ser natural e por isso o conhecimento da natureza é indispensável para seu sucesso. proposta política do iluminismo O humanismo propunha 1 uma sociedade igualitária, 2 a felicidade do homem como principal objetivo, 3 fim do absolutismo, dos monopólios, da desigualdade social, do domínio da religião, 4 liberdade de expressão, 5 democracia como forma de governo, 6 liberdade econômica, 7 supremacia da razão sobre a fé. A fé torna-se objeto de suspeita como ideologia da ordem ultrapassada e reacionária, que atrasa o desenvolvimento de sociedade. Descartes e o discurso do método Descartes, pai da filosofia moderna Descartes 1650 erigiu seu método a partir de duas premissas 1. dos três princípios que fundam o saber tradicional experiência sensível, razão e saber matemático só os dois últimos são aceitáveis; 2. não se pode aceitar como verdadeira uma afirmação que possa ser posta em dúvida. Propôs um método que substituia o universal e a abstração, pilares da filosofia aristotélico-escolástica, pelaz naturezas simples e pela intuição . regras básicas do método cartesiano São quatro as regras básicas ou etapas sucessivas do método cartesiano: 1. evidência racional primado do ato intuitivo, aquele por meio do qual se chega à evidência de um fato: só é verdadeiro o que se percebe intuitivamente, sem margem para dúvida. 2. análise toda questão tem de ser dividida em quantas partes quanto for possível: dividir o complexo em partes simples. 3. síntese examinam-se os pontos partindo do mais simples em direção ao composto ao mais complexo, sem saltos . 4. controle os passos realizados passarão por revisões completas, gerais e cuidadosas. classificação das ideias para Descartes Descartes põe o sujeito humano como centro do novo saber: o eu é um espaço de inúmeras ideias. Estas se dividem em a inatas, b adventícias vêm de fora e são coisas diferentes do eu e c factícias construídas pela própria pesso. Descartes e Deus Descartes afirma que a ideia de Deus é inata, não vem das coisas sensíveis. A certeza do mundo advém e depende da certeza de Deus. A ideia de Deus é a ideia de uma substância infinita, eterna, imutável, independente e onisciente, da qual derivam o eu e todas as demais coisas existentes. David Hume Hume: empirismo, ceticismo, fenomenismo Hume 1776 tratou do conhecimento, da moral e da religião. Seu pensamento se caracteriza pelo fenomenismo reduz a os princípios racionais a ligações de ideias fortificadas pelo hábito e b o eu a uma coleção de estados de consciência. ceticismo: condição da coexistência O ceticismo de Hume é puramente teórico, não se aplica à vida prática; ele defendia o Ceticismo como condição da tolerância e da coexistência pacífica entre os homens. Propunha que: a não é possível nenhuma teoria geral da realidade; b o homem não pode criar ideias porque está totalmente submetido aos sentidos; c a ciência só é capaz de obter certezas morais: suas verdades são da ordem das probabilidades; d não há causalidade objetiva; Hume e a religião O ceticismo de Hume ataca a religião, propõe o Agnosticismo e contradiz a ideia de religião natural; diz que: a não existe uma religião natural comum a todos os povos, b existe uma história natural das religiões, c a origem do sentimento religioso está no medo da morte e no horro ao castigo, bem como na ânsia de felicidade eterna; d o politeísmo é a forma primeira e genuína desse sentimento; e os homens inventam herois e santos para fazê-los propícios e favoráveis ao culto; f o monoteísmo é fruto da prevalência de um deus sobre outro; g a religião não é mais que uma luta de superstições, fanatismos e hipocrisias. Kant as quatro questões de Kant Kant 1804 resume a filosofia a quatro questões fundamentais: 1. o que podemos saber? 2. o que devemos fazer? 3. o que podemos esperar? 4. o que é o homem? Define a filosofia num duplo prisma: de um lado, a a ciência da relação entre todo conhecimento e a razão; de outro, b o fim último da razão humana, que subordina todos os outros fins e os unifica. Kant e a religião Kant aplica sua proposta crítica ao universo da religião, isto é, o que trata da divindade, da alma, da imortalidade e da eternidade. Rejeita toda pretensão de conhecer como é Deus: não é válida a tentativa de provar que Deus existe, porque a razão não tem uma forma sensível que lhe permita dar o salto até Deus. A ele só se chega pela fé, não pelo conhecimento. Impossível, segundo Kant, uma religião que surja por revelação divina: religião é só o reconhecimento de nossos deveres como mandatos divinos: é puro reconhecimento da razão prática. Kant, assim, lança as bases racionais do Deísmo. ideia de Deus como fundamento da modalidade Para Kant o conceito de Deus atua como princípio regulador , a mostrar um objetivo capaz de orientar a vida, de modo que ideias como Deus, liberdade e imortalidade são importantes por legitimarem a moral.




    Notas

    [1] Teologia: estudo da divindade e a doutrina de certa religião; apologética: defesa de um certo sistema de crenças; fenomenologia da religião: “estuda os fatos religiosos e sua significação para o homem religioso” (m.c.: entendi nada sobre o último).

    [2] Isso é a mesma coisa que a fenomenologia da religião conceituada acima!

    [3] Ausência de perturbações, tranquilidade da alma, ideal do sábio para o Epicurismo. Para o Estoicismo equivale a apatia, estado da alma que se tornou alheia às desordens da paixão e insensível à dor. f.: Durozoi, Gérard & Roussel, André (1996). Dicionário de Filosofia. Trad. Marina Appenzeller. Campinas: Ed. Papirus.


    [4] Neste capítulo o autor recomenda este documentário, sobre a vida e ideias de Sócrates. Youtube, dublado, completo.