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Cristo


    >>[Roteiro de estudo dos principais símbolos], próx.: [//Sacrifício]

    >[Sacrifício], [Self], [Sombra], [Pai], Orfeu, [Peixe], [Árvore], [XP], [Pantocrator], [Cristo - galeria de imagens], [Deuses]

    >Sobre a encarnação do divino num ser senciente, vide os vb. Encarnação, Messias e Avatar em 1001.
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Michelangelo. Juízo final (detalhe). 1534.

O tema da morte e da ressurreição é motivo comum em muitos mitos, como o do rapaz de que morre para dar origem ao milho, ou os relacionados com os sacrifícios humanos seguidos da antropofagia: o ritual é a repetição do ato original de matar um deus , que gera alimento; come-se o deus sacrificado para incorporar suas propriedades, para que ele atue dentro de você (eucaristia).

O mito do cristo é sublimação de uma imagem vegetal muito sólida. Ele pende da [Cruz], um fruto na [Árvore]. O Buda fica sentado sobre a árvore. A árvore sempre representa a árvore da vida imortal, o paraíso da unidade (vide § 122 acima).

A idéia da morte para gerar vida é recorrente em todos os mitos. Em nenhum deles a morte é rejeitada. Os maias jogavam bola para que o capitão do time vencedor ganhasse o direito de ser imolado. No leste do Canadá, séc. xvii, o inimigo capturado pelos iroqueses ia para o ritual de sua tortura e morte cantando e celebrando feliz, e gozando do respeito dos captores, porque ia se converter num deus sacrificial.

(loc. vinc. § 138) Três interpretações para o cristo. 1) o pecado original condenou a humanidade ao mal, e deus deu seu filho como resgate ao diabo. 2) só um sacrifício tão importante quanto o pecado original poderia aplacar a ira de deus, logo, não bastava o sacrifício de um homem comum. 3) Abelardo: cristo é sacrificado para evocar no coração do homem a compaixão pelo sofrimento do outro, afastando-o dos interesses grosseiros do mundo material. O injuriado se torna salvador.

A terceira tese evoca a lenda do rei ferido do [Graal], que está ali para evocar a compaixão /v. [Ciclo arturiano]/.

O tema da morte e ressurreição de um deus é recorrente: [Átis], [Adônis], [Gilgamesh], [Osíris].

A data escolhida para nascimento de cristo é a do solstício de inverno, o dia em que as noites começam a ficar mais curtas e os dias mais longos. E a mesma data do nascimento de [Mitra], deus persa da luz, o sol ]p. 188].

(f.: [Campbell], Joseph & Moyers, Bill. O poder do mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, 1990]

O pescador de homens

É um motivo mais antigo que a cristandade. Orfeu é chamado pescador, que pesca homens que vivem na água como peixes, trazendo-os para fora, para a luz. É a idéia da metamorfose do peixe em homem (f.: Campbell, Joseph & Moyers, Bill. O poder do mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, 1990., p. 226].

Nascimento virginal

Não existe tal figura na mitologia hebraica. Para os judeus o messias não é de verdade filho de deus, tal idéia é repulsiva. O nascimento virginal ingressa na tradição cristã pela influência grega: só aparece no evangelho de lucas, que era grego (f.: Campbell, Joseph & Moyers, Bill. O ppoder do mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: >Palas Athena, 1990, p.183].

Na mitologia grega: [Leda] e o [Cisne], [Perséfone] e a [Serpente], etc.. Na mitologia egípcia [Ísis] engravida ao deitar-se sobre o cadáver de [Osíris], e desse ato nasceu [Hórus]. Essa mãe divina, cujo filho foi concebido por um deus, é o modelo da madona. Diz-se que o buda nasceu do flanco de sua mãe, localizado no chackra do coração.

O nascimento virginal representa metaforicamente o nascimento do homem espiritual a partir do homem animal, o despertar para a compaixão, o renascer espiritual, o morrer para a natureza animal e o retornar à vida como encarnação humana da compaixão - p� 184]. A virgem aparece porque o nascimento é espiritual, o procriador é do espírito: a virgem fica grávida da palavra, pelo ouvido.

Sentido da morte de cristo


O ressurgimento do herói: Sansão com as portas do templo; Cristo ressuscitado; Jonas. f.: Campbell, J. (1949). O herói de mil faces. Trad. Adail Ubirajara Sobral. São Paulo: Cultrix/ Pensamento, 1990 (ed. original 1949). Clique no link para rel://files/image054.jpg

1 (loc. vinc. § 1) No começo a morte de cristo foi relacionada apenas com o fim violento de quase todos os profetas, o que provaria que jesus era um deles.

2 Cerca de 20 d.C é que a morte de cristo adquire dimensão mística, em Antioquia, tese que ganhou força com a pregação de são paulo, circa 50 d.c..

3 Só no séc. ii Orígenes de Alexandria diz que a morte de cristo fazia parte de plano de deus para enganar o diabo (teoria do [Bem] contra o Mal). Deus deu seu filho ao diabo para resgatar a humanidade, que estava condenada ao inferno. O diabo aceitou o sacrifício, mas foi enganado, porque deus ressuscitou jesus, contra o combinado. Essa tese combina muito com a tradição dos embates e logros entre deuses da mitologia grega. Cristo seria um novo [Adão], e quem fosse batizado em seu nome faria parte de uma nova humanidade, desvinculada daquela primeira, descendente de adão e decaída com ele.

4 No séc. xii Santo Anselmo de Cantuária diz que cristo morreu para pagar a dívida da humanidade para com deus. Teoria da satisfactio. Deus cobrou a dívida para ser justo, e deu seu próprio filho em pagamento para ser bom. Essa teoria estava de acordo com a tradição feudal, onde a ofensa ao senhor tinha de ser reparada. Ademais, legitimava a idéia de que o sofrimento, similar ao de cristo, era o preço da salvação. Lutero e [Calvino] aceitaram essa tese.

5 Também no séc. xii Pedro Abelardo — teólogo proscrito pela igreja — prega a doutrina do exemplo moral que se viu em [C990p Campbell, o poder do mito], § 138 et seq..

6 No séc. xx, com a teolologia da libertação, o caráter político da morte de jesus passa a ser visto como elemento chave para entender os fatos.

7 Para os muçulmanos houve 124 mil profetas entre adão e [Maomé], e jesus foi um dos 5 maiores. Os profetas são criaturas, e não deuses. Jesus ascendeu ao céu no momento da sua prisão, e [Judas] é que foi crucificado no lugar dele. Jesus voltará à terra para reinar nos últimos dias, e matará o falso messias.

f.: Galileu abr./2007 nº 89 p.35 et seq.. Vide breve resumo em [S009r Santos, Religião notas diversas] § 1 et seq.

As tentações de cristo e buda

Cristo atinge o limite da consciência do seu tempo, quando vai ao batista para ser batizado. Depois, ultrapassa o limiar e se isola no deserto por 40 dias, quando é tentado três vezes pelo diabo. Primeira: tentação econômica, oferta de transformar pedras em pão para matar a fome. Segunda, tentação política, governar o mundo. Terceira, enfatuação espiritual, atira-te daqui e deus te acudirá, porque és especial.

Buda vai para a floresta, fala com os gurus, depois chega à arvore bo, onde é tentado. O senhor da luxúria lhe oferece mulheres, depois o senhor da morte manda um exército de monstros ataca-lo, depois o senhor dos deveres sociais aparece e questiona o buda com os deveres que devia estar cumprindo, mas este apenas toca o chão com os dedos e recebe a iluminação. Três tentações: desejo, medo e submissão à opinião alheia.

(f.: Campbell, Joseph & Moyers, Bill. O poder do mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, 1990.)

Jung

A era cristã deve seu nome e significação ao velho mistério do homem-deus com raízes no mito arquetípico de Osiris.

O simbolismo do natal é reminiscência da festa do [Solstício] que exprime a esperança do renascimento (fim do universo).

A diferença entre o mito cristão e os outros mitos mais antigos, da morte e ressurreição do deus-[Rei], é que nestes o evento era cíclico.

Homem cósmico, [Adão], Gayomart, Purusha, P’anku, Cristo, [Krishna], Buda, Anthropos. Vide [Self].

(f.: Jung, C. G. et allii (2000). O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro : Ed. Nova Fronteira.)


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