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Nietzsche


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Amor fati


vb. criado em 21/02/2014, 08h25m.
Amor fati (do latim amor, nominativo singular de amor,óris: 'amor a algo' e fati genitivo singular de fatum,i, 'destino') é uma expressão latina que significa 'amor ao destino', 'amor ao fado'. 1 No Estoicismo e em Nietzsche, significa aceitação integral da vida e do destino humano mesmo em seus aspectos mais cruéis e dolorosos - aceitação que só um espírito superior é capaz.

Para Nietzsche, o Cristianismo faz a apologia de um falso amor fati, que, na perspectiva cristã consistiria em suportar - sem amar - os fatos da existência, na esperança de que Deus, enfim, nos livre de todos os fatos, dando-nos uma outra vida “num lugar sem tempo, o paraíso, um lugar sem fatosâ€.

Nietzsche recupera a idéia estóica do destino. O amor fati (amor ao destino) é uma ideia inseparável do eterno retorno . “Sob a égide do eterno retorno, querer será sempre querer o necessário: amor fati. É aqui que está o segredo da superação do niilismo, assim como a dificuldade final da filosofia de Nietzsche: fazer com que coincidam o querer e o destino, a liberdade e a necessidadeâ€.

Para Nietzsche, “amor fati†é amar o inevitável, amar o destino, amar o justo e o injusto, o próprio amor e o desamor. Ou seja, “ser, antes de tudo, um forteâ€, sem reclamar da vida, sendo indiferente ao sofrimento. Uma retomada do antigo pensamento do Estoicismo.

O Amor fati foi usado por Nietzche para representar a “fórmula para a grandeza do homem†:
    â€Não querer nada de diferente do que é, nem no futuro, nem no passado, nem por toda a eternidade. Não só suportar o que é necessário, e menos ainda dissimulá-lo (…), mas amá-lo…â€
O termo aparece varias vezes em A Gaia Ciência, mas é neste trecho em particular citada de forma mais clara:
    â€Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas: - assim me tornarei um daqueles que fazem belas as coisas.â€

    â€Amor fati (amor ao destino): seja este, doravante, o meu amor. Não quero fazer guerra ao que é feio. Não quero acusar, não quero nem mesmo acusar os acusadores. Que minha única negação seja ‘desviar o olhar’! E, tudo somado e em suma: quero ser, algum dia apenas alguém que diz sim.â€
Nem conformismo, nem resignação, nem submissão passiva: amor; nem lei, nem causa, nem finalidade: fatum ( destino). Em vez de esperar que um poder transcendente justifique o mundo, o homem tem de dar sentido à própria vida; em vez de aguardar que venham redimi-lo, deve amar cada instante como ele é. E não há afirmação maior da existência que a afirmação de que tudo retorna sem cessar.

O amor fati, como afirmação incondicional do que acontece, contrapõe-se à resignação cristã e configura portanto uma atitude dionisíaca diante da existência:
    Estado mais alto que um filósofo pode atingir: ter para com a existência uma atitude dionisíaca: minha fórmula para isso é amor fati... Para isso, devem-se considerar os aspectos renegados da existência não somente como necessários, mas como desejáveis (Nietzsche, F. Fragmentos Póstumos 13: 16 [32] verão de 1888).


Notas e adendos:

[1] f. pr.: wkp.



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